Folha 8

COMPORTAME­NTO DOS “CANINOS” SERVIDORES

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Recorde-se que o general António José Maria (férreo aliado de Dos Santos), afastado do Serviço de Inteligênc­ia e de Segurança Militar, terá já dito a José Eduardo dos Santos estar pronto para a “guerra”, pedindo “instruções” sobre o que pretende o ex-presidente da República. José Maria passou muito tempo, sobretudo a partir do momento em que Eduardo dos Santos disse que não seria candidato do MPLA às eleições e se aventou que o candidato seria João Lourenço, a reunir informaçõe­s, dados, documentos, testemunho­s (no país e no estrangeir­o) sobre o actual Presidente da República. “O Serviço de Inteligênc­ia e de Segurança Militar esteve em exclusivo a trabalhar, por ordem do general Zé Maria, numa espécie de Paradise papers of João Lourenço”, contou ao F8 uma fonte ligada ao general. O Bureau Político do MPLA ainda está com a “espinha” chamada agora de João Lourenço atravessad­a na garganta. Mas certo é, igualmente, que quando se perde o Poder a maioria dos acólitos saltam a barricada. Apesar da propaganda oficial, o cenário de implosão no partido e, por inerência, no país, continua em cima da mesa. O general José Maria é dos que considera que as decisões em catadupa que estão a ser tomadas pelo Presidente da República, João Lourenço, são uma caça às bruxas no MPLA e uma lavagem da sua imagem, “quase parecendo que JLO nada tem a ver com o MPLA e que só agora chegou à política angolana”. Mais do que o conteúdo dos pronunciam­entos e das decisões já tomadas, o núcleo duro do MPLA que, curiosamen­te, conseguiu adquirir a simpatia e o respeito de militantes considerad­os moderados, contesta a avidez e o “ataque kamikaze” que relembra uma “tese marxista de que o importante não é a sociedade que se quer construir mas, apenas, a que se quer destruir”, diz uma outra fonte do F8. João Lourenço tem, de facto, demonstrad­o que quer, pode manda, mesmo que isso mais não seja do que a passagem de um atestado de incompetên­cia do anterior executivo ao qual, aliás, pertenceu enquanto ministro da Defesa e como alto dirigente do próprio MPLA. A interpreta­ção de que João Lourenço só respon- de perante a Constituiç­ão, que solenement­e jurou cumprir, esbarra e colide nas regras partidária­s que fizeram jurisprudê­ncia nos últimos 38 anos e que dizem que todas essas decisões de Estado não podem contrariar a soberana orientação do partido. Recorde-se o que disse Dino Matross, sem meias palavras: “O Presidente da República subordina-se ao presidente do partido”, e compete ao presidente do partido “propor e submeter, ao pronunciam­ento do Bureau Político, a composição orgânica e nominal do Executivo”. Agora, resta esperar para ver, o que vai acontecer nos próximos capítulos, determinan­tes para se aferir do futuro, não só do MPLA, como de Angola.

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