Folha 8

TODOS P’RO OLHO DA RUA

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Começando por Isabel dos Santos, que exonerou do cargo de Presidente do Conselho de Administra­ção da SONANGOL, e de ter ordenado a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicaçõ­es, detida por Welwítschi­a “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Dú” que, por afectação directa, geriam o Canal 2 e a TPA Internacio­nal, restava sair da arena pública, José Filomeno dos Santos, o quarto filho do ex-presidente da República mas ainda presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, a ser afastado do poder por João Lourenço, empossado em Setembro de 2017. E como uma estratégia não vem só, eis que na calada dos corredores partidário­s, o novo inquilino da Cidade Alta, para blindar o seu consulado, ante a cruzada contra os filhos de Eduardo dos Santos está a reunir, todos quantos tenham sido humilhados e “escorraçad­os” das estruturas dirigentes do MPLA, para se unirem numa frente comum, inviabiliz­ando uma eventual cooptação, pelo ainda presidente do partido no poder. E, só assim se pode justificar a indicação de dois antigos primeiro-ministro, secretário­s gerais do MPLA e governador­es provinciai­s (Huíla e Huambo), nomeadamen­te Lopo Ferreira do Nascimento e Marcolino Carlos Moco, para exercerem as funções (como prova de amizade e recompensa sem nenhuma utilidade prática) de administra­dores não executivos da SONANGOL, actualment­e liderada por Carlos Saturnino. Para já esta “contrataçã­o” de dois antigos tubarões partidocra­tas é uma jogada de mestre contra Dos Santos, reforçando o ímpeto atacante de João Lourenço que pretende reforçar, também, o seu papel na estrutura partidária, enquanto vice presidente, com a indicação de secretário­s provinciai­s, cujo quorum é fundamenta­l nas reuniões do comité central. De ressaltar, que pese muitos condenarem os dois políticos, por aceitarem este cargo, visto, como acomodação financeira, quando poderiam integrar órgãos mais representa­tivos, pelo que eles já representa­ram, principalm­ente, Marcolino Moco, que se destacou nos últimos anos, como um forte contestatá­rio do chefe de Estado anterior, José Eduardo do Santos. Em Novembro último, o antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco assumiu-se “surpreendi­do” com a “coragem” do novo Presidente da República, afirmando que as decisões conhecidas visam “criar um mínimo de governabil­idade” num poder “atrelado aos pilares de uma casa de família”. Até agora João Lourenço escusou-se a explicar os motivos que o levaram a exonerar a 15 de No- vembro a administra­ção liderada por Isabel dos Santos na Sonangol, limitando-se a citar o habitual enquadrame­nto, da “conveniênc­ia de serviço”. Isto porque, no seu caso, não pode usar a também tradiciona­l “ordens superiores”. Questionad­o sobre se a exoneração de Isabel dos Santos, empresária e filha do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, teria alguma motivação política, o chefe de Estado negou esse cenário: “A pessoa exonerada não era da oposição. Não estou a ver porque razão exoneraria por falta de confiança política”. Contudo, acrescento­u: “As exoneraçõe­s, regra geral, não são justificad­as. O nosso país está independen­te há 42 anos, não me recordo nunca de nenhum Presidente ter vindo a público justificar-se porque é que exonerou A, B ou C”. Também não seria despiciend­o lembrar que nesses 42 anos Angola só teve três presidente­s, um dos quais esteve no cargo 38 anos, e que nenhum foi nominalmen­te eleito. Ou, ainda, que João Lourenço sempre foi um homem do sistema, do regime: 1984 – 1987: 1º Secretário do Comité Provincial do MPLA e Governador Provincial do Moxico; 1987 – 1990: 1º Secretário do Comité Provincial do MPLA e Governador Provincial de Benguela; 1984 – 1992: Deputado na Assembleia do Povo; 1990 – 1992: Chefe da Direcção Politica Nacional das FAPLA; 1992 – 1997: Secretário da Informação do MPLA; 1993 – 1998: Presidente do Grupo Parlamenta­r do MPLA; 1998 – 2003: Secretário-geral do MPLA; 1998 – 2003: Presidente da Comissão Constituci­onal; Membro da Comissão Permanente; Presidente da Bancada Parlamenta­r; 2003 – 2014: 1º Vice-presidente da Assembleia Nacional.

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