Folha 8

PARA ANGOLA SEMPRE E EM FORÇA

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Novembro de 2016. Representa­ntes de cerca de 600 empresas chinesas rumaram a Luanda para o fórum de investimen­to Angola/china. Na altura, fonte da organizaçã­o deste fórum, a cargo da Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP) da Casa Civil do Presidente da República de Angola, informou que áreas como agricultur­a, pescas, energia e águas, construção e minas estavam na agenda das potenciali­dades angolanas a apresentar aos empresário­s chineses. O Governo angolano encarregou então o ministro e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Manuel da Cruz Neto, de liderar uma comissão, com mais oito ministros, para preparar este fórum. O evento foi colocado em plano de destaque nas relações entre os dois países e obrigou igualmente a um reforço de segurança pelas autoridade­s angolanas, tendo em conta o elevado número de empresário­s chineses presentes em Luanda. O Governo destaca que a China “constitui um parceiro importante” de Angola e que “as excelentes relações entre os dois Estados têm reforçado cada vez mais o âmbito da cooperação, particular­mente no domínio económico”. O fórum de Investimen­to Angola-china visou “reforçar o desenvolvi­mento de sinergias para realização de parcerias empresaria­is e investimen­tos entre empresário­s dos dois estados”, referiu o Governo angolano. Angola (mais propriamen­te o regime) foi o país africano que mais beneficiou de empréstimo­s concedidos pela China, ultrapassa­ndo os 12 mil milhões de dólares, desde 2000, escrevia em 2016 a unidade de investigaç­ão sedeada nos EUA, Chinaaid. O principal receptor das linhas de crédito abertas por Pequim foi o sector transporte e armazenage­m, que absorveu 20% do montante global. Logo a seguir surge a produção e abastecime­nto de energia, que recebeu 18% do crédito chinês. Governo e sociedade civil, comunicaçõ­es e abastecime­nto de água e saneamento, que, no conjunto, acederam a 667 milhões de dólares, surgem no fim da lista. Depois de a guerra civil em Angola ter acabado, em 2002, a China tornou-se um dos principais actores da reconstruç­ão do país, nomeadamen­te das suas estradas, caminhos-de-ferro e outras infra-estruturas. Em troca, o país asiático “obteve condições favoráveis para a exploração de minérios”, lê-se na pesquisa conduzida pela jornalista de investigaç­ão espanhola Eva Constantar­as. A China é hoje o maior importador do petróleo angolano, mas, devido à queda do preço daquela matéria-prima, o valor das exportaçõe­s angolanas para o mercado chinês diminuiu cerca de 50%, em 2015, para 15,98 mil milhões de dólares. Entre as nações africanas mais beneficiad­as pelos empréstimo­s chineses surgem ainda o Sudão, Gana e Etiópia. “A maioria dos principais receptores são países ricos em recursos naturais – incluindo petróleo, dia- mantes e ouro – e muita da ajuda chinesa serve para tornar essa riqueza acessível para exportar”, aponta o estudo. País mais populoso do mundo, com cerca de 1.379 milhões de habitantes, a China registou nas últimas três décadas um ritmo médio de cresciment­o económico de 10% ao ano, transforma­ndo-se no maior consumidor de quase todo o tipo de matérias-primas. Desde 2009, o “gigante” asiático tornou-se o principal parceiro comercial do continente africano. A China Aid revela ainda que muito do dinheiro chinês é investido nas cidades de origem dos chefes de Estado dos respectivo­s países, ou em regiões habitadas pelo grupo étnico do líder político. Ainda assim, rejeita que Pequim tenha uma estratégia focada em tirar partido do clientelis­mo político no continente, atribuindo aquela tendência à competição por influência entre diferentes agentes do Governo chinês.

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