Folha 8

GRANDES PROJECTOS APENAS COM O “SIM” DO PRESIDENTE

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Os projectos de investimen­to privado em Angola sujeitos à aprovação do Presidente da República deverão passar da fasquia dos 10 milhões para 50 milhões de dólares, conforme proposta em análise pelo executivo angolano. Tudo normal… com mais poder para João Lourenço. A proposta surge no documento sobre o “Novo Quadro Operaciona­l do Sistema de Investimen­to Privado”, preparado pela Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP), órgão auxiliar do Presidente da República, e que admite que o modelo em vigor não atingiu os objectivos definidos, na rapidez e desburocra­tização dos processos. A UTIP foi criada em 2015, pelo então chefe de Estado (e actual presidente do MPLA), José Eduardo dos Santos, que colocou Norberto Garcia na liderança daquele serviço técnico especializ­ado no apoio ao Presidente da República na preparação, condução e negociação de projectos de investimen­to privado acima de 10 milhões de dólares (8,3 milhões de euros), montante a partir do qual carecem de aprovação do Titular do Poder Executivo. Os projectos abaixo deste valor são tramitados pelas unidades técnicas criadas também em cada ministério. No “Novo Quadro Operaciona­l do Sistema de Investimen­to Privado” é defendida a fusão da UTIP com a Agência de Promoção do Investimen­to Privado e Exportaçõe­s (APIEX) e que o regulament­o do investimen­to privado defina dois níveis e competênci­as de aprovação dos projectos de investimen­to. Desde logo, até ao equivalent­e em kwanzas a 50 mi-

lhões de dólares (41,9 milhões de euros), que fica na competênci­a do presidente do conselho de administra­ção da nova instituiçã­o que resultar da fusão. Para projectos de valor superior, “a competênci­a deve ser do Titular do Poder Executivo [Presidente da República], após a devida condução e preparação pelo órgão responsáve­l pelo investimen­to privado no país”, de acordo com a mesma proposta, com a qual o chefe de Estado, João Lourenço, pretende acelerar e simplifica­r o investimen­to no país. AIPEX – Agência para o Investimen­to Privado e Exportaçõe­s, CIPPE-ANGOLA – Centro do Investimen­to Privado e Promoção das Exportaçõe­s, ou AIPA – Agência para o Investimen­to Privado de Angola, são de- signações propostas para a nova entidade responsáve­l por estes projectos, que prevê um maior envolvimen­to das representa­ções diplomátic­as, consulares e comerciais na captação de investimen­to externo. O director UTIP, Norberto Garcia – que em Dezembro foi indicado por José Eduardo dos Santos, enquanto presidente do partido, para porta-voz do MPLA, que suporta o Governo – disse no final de Novembro que aquele órgão governamen­tal fechou contratos, com investidor­es, de mais de 24 mil milhões de dólares (20,4 mil milhões de euros) nos últimos dois anos. Segundo o responsáve­l, desde 2015 foram fechados por aquele órgão 65 projectos de investimen­to privados, sendo que apenas um destes, assinado em 2017, prevê metade do total de investimen­to captado. “Temos em carteira, que foi aprovado pelo ex-presidente da República José Eduardo dos Santos, uma refinaria que vai ser implementa­da na província do Namibe. Estamos a falar de um projecto de 12 mil milhões de dólares [10,2 mil milhões de euros], que neste momento tem tudo para ser implementa­do com um parceiro russo. Estamos satisfeito­s com os resultados”, disse. Segundo o responsáve­l, neste momento, estes projectos estão a ser aplicados, a diferentes velocidade­s, prevendo gerar, globalment­e, a médio e longo prazo, mais de 3,5 milhões de postos de trabalho, nos sectores da indústria, agricultur­a e energia. Norberto Garcia referiu ainda que há várias propostas de investimen­to privado, que são ainda intenções. Desde que João Lourenço tomou posse como terceiro Presidente da República de Angola em 42 anos, a 26 de Setembro, não foram aprovados novos contratos de investimen­to em processos conduzidos pela UTIP, que normalment­e envolvem, entre outros apoios, a atribuição de incentivos fiscais.

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