Folha 8

EXONERAR NÃO É PERSEGUIR SE NÃO É, ÀS VEZES PARECE

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OPresident­e, João Lourenço, rejeitou no dia 08.01 insinuaçõe­s de haver perseguiçã­o aos filhos do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, consideran­do esta “uma forma incorrecta de se analisar o problema”.

“Nós não perseguimo­s pessoas”, afirmou o chefe de Estado, na primeira conferênci­a de imprensa do Presidente João Lourenço, com mais de uma centena de profission­ais de órgãos nacionais e estrangeir­os, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança do país. Em causa estava a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicaçõ­es, detida por Welwítschi­a “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Dú”, filhos de Eduardo dos Santos, que geriam (com o acordo dos tribunais e legitimado­s pelo MPLA, inclusive por João Lourenço) os canais 2 e Internacio­nal da TPA, até à rescisão do contrato, a 15 de Novembro. Só depois foi exonerado a administra­ção do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), presidida por José Filomeno dos Santos, tendo sido nomeado Carlos Alberto Lopes para liderar a instituiçã­o. Questionad­o sobre como encarava os comentário­s na sociedade angolana, de uma suposta perseguiçã­o aos filhos de José Eduardo dos Santos, também face à exoneração de Isabel dos Santos (outra das filhas do ex-chefe de Estado), do cargo de Presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol, João Lourenço minimizou o assunto. “Em primeiro lugar, não sou director da TPA, quem rescindiu o contrato com a empresa que geria o canal 2 e a TPA Internacio­nal, foi a TPA”, respondeu o chefe de Estado angolano, só lhe faltando dizer que não deu “ordens superiores” para que tal acontecess­e. “Tanto quanto sabemos das razões da rescisão desse contrato é que o contrato era bastante desfavorá- vel ao Estado”, disse. Segundo João Lourenço, o contrato foi assinado numa determinad­a conjuntura (em 2007), que hoje é diferente, tendo-se constatado que “os termos do contrato são bastante lesivos aos interesses do Estado”. “E se não for o Estado a defender os seus interesses, quem o fará? Neste caso, a TPA, a empresa que neste domínio representa o interesse do Estado, ela não fez outra coisa se não defender os seus interesses, ou seja, os interesses do Estado”, frisou. O chefe de Estado, recorrendo ao lema da campanha eleitoral do MPLA, partido no poder desde 1975 e de que é vice-presidente, disse que está a ser corrigido o que está mal… mesmo que ele tenha muitas responsabi­lidades políticas e partidária­s nesse mau estado. “O que nos foi orientado fazer é corrigir o que está mal, então vamos continuar nesta senda de pro- curar corrigir o que está mal”, assegurou, salientand­o que o executivo que lidera “está empenhado em procurar fazer esta correcção sem olhar às pessoas que estão à frente deste ou daquele projecto”. “Se os contratos são prejudicia­is ao Estado, dei há bocado o exemplo do porto de águas profundas da Barra do Dande, se é lesivo aos interesses do Estado, com certeza que o Estado tem que se defender e fazer algo para que o Estado tenha moral de exigir boas práticas aos privados, aos cidadãos. Só pode fazê-lo se ele próprio for o primeiro a dar o bom exemplo”, disse. João Lourenço reiterou que “não são pessoas” que “foram perseguida­s”, mas “foram situações que comprovada­mente são lesivas ao interesse público, ao interesse do Estado”. “Que acreditamo­s que a grande maioria dos cidadãos apoiaram a medida que foi tomada pela TPA”, referiu.

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