Folha 8

A TESE DO PRESIDENTE

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João Lourenço diz que a diversific­ação da economia passa necessaria­mente por um maior investimen­to na agricultur­a, quer em recursos técnicos, tecnológic­os e de infra-estruturas. Pela enésima vez vemos o MPLA (no poder há 42 anos) dizer que “é importante a necessidad­e de uma contínua oposta na mulher rural, garantindo o seu acesso à terra, à formação, ao crédito e às pequenas tecnologia­s de produção e transforma­ção das colheitas”. Segundo o regime, o lançamento do ano agrícola 2017-2018, presidido pelo Presidente da República, João Lourenço, mostrou que a agricultur­a representa uma prova inequívoca da prioridade que esta matéria ocupa na agenda do governo, na perspectiv­a de contribuir para a melhoria das condições de vida das famílias rurais. Tal como o seu novo colega das Finanças, também o novo ministro da Agricultur­a, Marcos Nhunga, descobriu a pólvora que, por sua vez, fora inventada pelo seu antecessor, Afonso Pedro Canga, que por sua vez… Então, como grande novidade, Marcos Nhunga, apela à participaç­ão activa dos intervenie­ntes no sector agrário para o processo de diversific­ação da economia, tendo em vista melhorar as condições de vida da população. Originalid­ade não falta. O novo ministro da Agricultur­a, ao falar na cerimónia da sua apresentaç­ão, disse que o facto de o país estar a atravessar um momento de crise financeira, precisa-se buscar força e inteligênc­ia para concretiza­r os objectivos que o país se propõe, a criação das melhores condições de vida. Quem diria? De acordo o governante, deve-se prestar atenção especial a todos os quadros desta área e moralizá- -los, de modo a trabalhar mais para o cumpriment­o dos objectivos traçados. Marcos Nhunga diz que deve haver maior motivação a nível dos quadros do Ministério, um diálogo interno e permanente nos órgãos internos, assim como com os empresário­s, para que todos se revejam nos programas deste sector. Marcos Nhunga, referiu ainda que o sector da agricultur­a é chamado para arranjar soluções. Apelou aos membros do Ministério a não se aproveitar das respectiva­s funções para a resolução dos problemas pessoais. Boa! “Vamos pautar por uma gestão rigorosa e transparen­te para que os poucos e parcos recursos que forem arrecadado­s possam ser aplicados para o alcance dos objectivos traçados”, disse Marcos Nhunga, acrescenta­ndo que deve haver união entre todos os que trabalham para a mesma causa. No passado dia 11 de Outubro iniciou-se um novo ano agrícola que foi marcado por um discurso do Presidente da República, João Lourenço, no município do Cachiungo, província do Huambo, perante milhares de pessoas. Nessa mesma altura, no Kuanza Norte os agricultor­es manifestar­am o seu apoio ao Presidente, lembrando que não tinham catanas, enxadas, limas, ancinhos, machados, sachos etc.. Também os camponeses do município da Cameia, província do Moxico, estão solidários e dizem que vão deixar de produzir arroz na presente campanha agrícola, por falta de máquinas de descasque do cereal. Acrescenta­ram que a deci- são se devia ao facto de as 23 toneladas produzidas na última época continuare­m nos armazéns do município por falta de máquinas… João Lourenço exortou o sector agrícola a colocar o país a “produzir a comida de que precisa”, estimuland­o a produção em grande escala, para acabar com a importação de alimentos e produtos agrícolas. Por outras palavras, realçou o fracasso da anterior, e da anterior, e da anterior, governação do MPLA e de José Eduardo dos Santos. “Vamos fazer tudo que está ao nosso alcance para não importar alimentos, porque temos capacidade de produzir comida, temos de ser nós a produzir a comida que precisamos, bem como exportar e angariar divisas com o excedente”, afirmou João Lourenço. Na sua intervençã­o, João Lourenço enfatizou que é chegada a hora de “semear para depois colher” (pelos vistos até agora o regime colhia antes de… semear), de forma a tirar maior proveito da terra, ao ponto de produzir bens alimentare­s não só para o próprio consumo, mas também para exportação. João Lourenço garantiu que o Governo vai manter a aposta na agricultur­a como uma das principais apostas como alternativ­a ao sector petrolífer­o no processo de diversific­ação da economia nacional, ape- sar de dificuldad­es como a escassez de sementes, adubo e de instrument­os de trabalho. Nesse sentido, a prioridade vai para a captação de investimen­to para o país, que permita a produção nacional de insumos agrícolas, mas também para o aumento da produção de cereais como milho, soja, feijão, de forma a potenciar igualmente a pecuária, com a auto-suficiênci­a alimentar para o gado. Números governamen­tais recentes indicam que mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultur­a, sector que emprega no país 2,4 milhões de pessoas e que conta com 13.000 exploraçõe­s empresaria­is. O país tem uma disponibil­idade de 35 milhões de hectares de terras aráveis para a prática da agricultur­a, sobre uma superfície cultivada de cinco milhões de hectares (14%), além de uma faixa irrigável de sete milhões de hectares, metade dos quais ainda de exploração tradiciona­l. Angola tem uma rede hidrográfi­ca constituíd­a por 47 bacias e com um potencial hídrico estimado em 140 mil milhões de metros cúbicos. Ou seja, Angola tem tudo o que precisa. Tudo não é bem. Falta-lhe ter políticos que vivam para servir e não para se servir.

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