UM GENERAL… EXEMPLAR
Há uns anos, não muitos, o general Higino Carneiro apresentou-se na televisão dizendo ter dado início à indústria da madeira, no Kuando Kubango. Nessa altura os índices de atenção e curiosidade dos mais atentos saltaram para os níveis máximos, pensando tratar-se de uma medida que iria contribuir para a diversificação da economia, tão ansiada e reivindicada por todos, e para a melhoria da qualidade de vida de alguns angolanos a residirem no Kuando Kubango. Desejámos que se tratasse da abertura de escolas de formação profissional e de fábricas de mobiliário ou de outros equipamentos, onde iriam ser maximizadas as mais valias da exploração da madeira. Não. Afinal essa indústria da madeira de Higino Carneiro resumia-se ao funcionamento do serrote no abate de árvores, de madeiras valiosas, para serem comercializadas, sem mais valias, talvez ao preço da chuva. Recordemos, a este propósito, afirmações do então director geral do Instituto do Desenvolvimento Florestal, Tomás Caetano, feitas à Angop em7 de Junho de 2012: Angola exporta anualmente cerca de 12 mil metros cúbicos de madeira em toro principalmente para os países europeus, disse Tomás Caetano, acrescentando que que, há cerca de cinco anos, o país começou timidamente a exportar madeira em toro, chegando mesmo a exportar folha de madeira, tendo atingido a quantidade de 12 mil metros cúbicos/ano. “O que se pretende é atingir esta quantidade em madeira transformada e evitar a exportação em madeira em toro” disse o responsável do IDF, em alusão à Indústria Transformadora. Indicou como principais destinatários das exportações angolanas de madeira países europeus apesar de existirem também já exportações para a China, Japão e outros mercados como os Estados Unidos da América. Em relação ao actual (2012) estado de exploração de madeira, Tomás Caetano referiu que este processo está regulado por lei (Lei Florestal), onde estão clausulados os agentes que devem e podem fazer a ex- ploração, as competências relativas às administrações locais e o que o empresário deve fazer para se habilitar à actividade. Apontou como principais províncias produtoras Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Malanje e o corredor de florestas plantadas, (eucaliptos), propriedade dos ministérios da Agricultura Desenvolvimento Rural e das Pescas, Geologia e Minas e da Indústria e dos Caminhos-de-ferro de Benguela. Em Abril de 2016, o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, disse que a madeira nacional é um potencial produto para a exportação porque é uma das melhores do continente. Segundo o ministro, que falava no encontro de auscultação aos empresários nacional, a produção de madeira em 2015, foi de 125 mil metros cúbicos e a meta para 2017 era de 230 mil metros cúbicos. “Acreditamos que a nossa madeira é um dos potenciais produtos de exportação, por isso queremos prestar mais atenção porque ainda existem muitos produtores ilegais e o Ministério quer combater a exportação ilegal”, afirmou o ministro. Para isso, prosseguiu, queremos regular o transporte da madeira entre as províncias e assim criar receitas nos locais onde ela é produzida. Pedro Canga deu a conhe- cer que a proposta de lei de florestas e fauna selvagem iria substituir um diploma que data dos anos 40 e 60 do século XX e que a proposta de lei estava submetida à Assembleia Nacional, e estabelecia o regime jurídico de acesso e uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos existentes no país. “Queremos implementar uma nova lei de floresta e fauna para salvaguardar os nossos recursos e assim investir mais na produção local”, disse o titular da pasta da Agricultura. Pedro Canga disse que nas zonas onde existem madeiras deve-se, com urgência, criar serrações de formas que o material sair preparado para os outros pontos do país bem como garantir emprego local assim contribuir para o crescimento económico dentro das localidades. O titular da pasta fez saber nessa altura que estava em estudo a proibição da exportação da madeira porque evitaria de certa forma a desflorestação de áreas importantes de Angola.