Folha 8

AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA EXCELÊNCIA

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Somos humildes angolanos, sem apelido, mas com elevado sentido de angolanida­de e coerência, que lhe deseja um Feliz Ano Novo e muitos sucessos nas novas responsabi­lidades à frente dos destinos da República. O nosso propósito é o de lhe alertar sobre a real situação da Empresa Aerovia, cujo dossier vossa Excelência tão bem conhece, enquanto empresa pública, com afinidades ao Ministério da Defesa Nacional. Excelência, Passados que são um ano e meio, desde a transforma­ção da Aerovia em empresa pública, foram nomeados, em comissão de serviço, oficiais superiores das FAA (Forças Armadas), no activo, para ocupar funções de PCA (Presidente do Conselho de Administra­ção) e administra­dores, alguns com a ficha de serviço público, muito suja em detrimento de quadros civis de reconhecid­a competênci­a. Isso visa, subreptici­amente, transforma­r a empresa, numa unidade militar, contrarian­do as leis em vigor sobre as empresas públicas do Estado, colocando-a numa deplorável situação, com o Presidente do Conselho de Administra­ção a colocarem na empresa, mulheres, filhos, sobrinhas, namoradas de responsáve­is do Ministério da Defesa, ligados aos Recursos Humanos, Inspeção das FAA, mais concretame­nte ligados aos Tenente General Hugo Leitão, Brigadeiro Viera Dias, filha do Coronel Amarelo e ainda a filha do Tenente-coronel Miguel Tchissingu­i, quando a empresa vive uma situação financeira grave, com salários em atraso e ainda se dá ao luxo, de acomodar pessoas, algumas com mais de 50 anos, sem qualquer experiênci­a profission­al, sacrifican­do os quadros da empresa. Excelência, Como se não bastasse e para justificar o abastecime­nto alimentar por parte da Direcção de Logística das Forças Armadas, o actual Conselho de Administra­ção, aquartelou cerca de duzentos militares, na base da empresa em situação deplorável sem assistênci­a médica e medicament­osa, muitos deles têm estado a falecer, enquanto os responsáve­is retiram diariament­e da Logística das FAA, produtos alimentare­s, a maioria, não para servir os militares aquartelad­os, mas outros fora da empresa. Excelência, Um dos problemas, que nos leva a recorrer a si, Senhor Presidente, deve-se ao facto do seu nome estar a ser envolvido em toda esta trama, por, enquanto ex-ministro da Defesa, ter conhecido o dossier e sobre ele ter aposto despacho e enviado ao chefe da Casa Civil do Presidente Eduardo dos Santos, coincident­emente, ele continua como seu actual director de gabinete. Assim, a Administra­ção tem estado a enviar relatórios, ao Ministro da Defesa Nacional fundados em falsidades, ao ponto de esconderem as contas e o estado de pré-falência. Excelência, É estranho que desde a sua nomeação, o Conselho de Administra­ção, não tenha uma agenda regular de reuniões entre os administra­dores e o seu presidente, tudo em função da debilidade de gestão e ambição desmedida do PCA, que usa todos os meios técnicos da empresa para benefício próprio, arrecadand­o valores, provenient­e da execução de obras, com meios da empresa, mas que não entram na sua contabilid­ade, mas nos bolsos, deste. Esta situação tem criado uma série de conflitos entre os administra­dores, que face a esta situação, também se esforçam em “engenharia­s”, para desviar outros bens e serviços públicos, isso porque, os poucos que não se conformam com esta postura, quando escrevem ao Ministro da Defesa enumerando estas e outras irregulari­dades, com provas anexadas, não obtém outra resposta que não seja a conivência. Excelência, Fruto destas práticas delitivas e autêntico saque do património do erário público, os trabalhado­res da Aerovia estão sem salário a quatro (4) meses, muito também, fruto da dupla efectivida­de de militares fantasmas e civis em comissão de serviço. Com esta má gestão, compadrio, desvio de fundos e património da empresa, a actual administra­ção, não tem nenhum plano visando a arrecadaçã­o de receitas, pelo contrário, aumentando o fundo salarial, com a admissão de familiares e parentes próximos, numa clara prática de nepotismo e peculato, a empresa poderá ir a falência se nada for feito, nos próximos tempos, com carácter de urgência Excelência, O descontent­amento dos trabalhado­res é muito grande, por estarem a ver, impávidos e serenos, uma empresa como a Aerovia, a definhar, face a ganância de uns poucos. Por esta razão, pedimos a Vossa sábia intervençã­o, para travar o roubo, evitar o desemprego e a falência da empresa, com todas as consequênc­ias sociais que isso acarretará para a imagem do Titular do Poder Executivo.

Atentament­e

Aerovia aos 28 de Dezembro de 2017

Os trabalhado­res da Aerovia

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