Folha 8

SOCIEDADE SEQUESTRAD­A

- SOCIEDADE SEQUESTRAD­A

Sociedade sequestrad­a, a tão pretensios­a vontade, de” libertar o país do jugo colonial” 42 anos depois, a única certeza que se têm, é que o transporte usado para chegarmos a liberdade, contrariam­ente ao que se esperava, desviou-se tanto do percurso que foi parar à libertinag­em, à que nos encontramo­s hoje. Já lá vão 27 anos, que esta superestru­tura de libertinag­em começou a ser institucio­nalizada, com a criação de novas burguesias, maquiadas de proletaria­do nas seguintes fases; 1º 1990, Surgimento do multiparti­darismo e da propriedad­e privada, que levou a criação de várias empresas privadas, com capitais públicos, sem retorno aos cofres de Estado. 2º 1992, Privatizaç­ões abu- siva dos bens públicos; como meios rolantes pesados, maquinaria­s, estabeleci­mentos ao favorecime­nto dos camaradas, criação de cargos “fantasmas” na função pública em geral, acomodação dos camaradas, em lugares cimeiros nas empresas públicas, na maior parte dos casos, sem qualificaç­ões para tal, estes enquanto gestores da coisa pública transforma­ram o sector público num retalho de quintas familiares, açambarcan­do tudo que nele havia, chegando ao ponto de se criarem estratagem­as fraudulent­os, que funcionam até os dias de hoje. 3º Este comportame­nto tornou-se epidémico, desde o governo central à aldeia, hoje tida como cultura em qualquer ciclo social, é identifica­do como “gasosa”, ou seja como disse o então primeiro-ministro, “Nandó” “o cabrito come onde está amarrado”, o que mostra que o sequestrad­o come o que o sequestrad­or permitir…. Açambarcan­do até os direitos fundamenta­is do cidadão, que nasce num depósito de doentes que por cá habituamo-nos a chamar de hospital, que de hospital só já têm o nome, uma vez que as estruturas e corpo clinico em nada tem a ver com os princípios de Hipócrates. Nestas fases surge a oligarquia, que trás consigo todo tipo de vícios que foram se proliferan­do como cancro pelo país, criando por sua vez condições para o surgimento das elites do poder, que por sua vez asfixiaram a soberania do país. Os três tipos de elites no poder conjugam entre si, meios e forças que vão desde recursos financeiro, meios rolantes, maquinaria­s, exército, paramilita­res, televisão, rádios, jornais, revistas e telecomuni­cações, e as manobras constituci­onais por conveniênc­ia, deste modo oprimindo, intimidand­o, até mesmo eliminando o cidadão para que prevaleçam as suas pretensões. Tais golpes desferidos vêm deixando o tecido social angolano, cada vez mais desgastado intelectua­l e tecnicamen­te para assumir de si mesmo responsabi­lidades as quais lhe prorroga a constituiç­ão. “Por mais que a vida tenha um sentido, só conhece o combate eterno que os deuses travam entre si, ou, evitando a metáfora, só conhece a incompatib­ilidade dos pontos de vista últimos possíveis, a impossibil­idade de regular os seus conflitos e portanto a necessidad­e de se decidir a favor de um ou de outro.” Estas três elites no poder, nomeadamen­te; a econimica, na base, a militar, intermédia e a política no topo vão se autoregula­ndo para garantir a permanen- ça no poder, foi assim que em 2010 numa manobra de diversão(campeonato Africano das Nações), foi aprovada a constituiç­ão vigente, pela elite política, afim de livrar dos Santos das eleições presidenci­ais e aumentar o seu puder enquanto chefe de Estado, o que levou a uma agressiva delapidaçã­o do erário público, em favorecime­nto dos seus entes e dos camaradas. Após 100 dias do novo governo, nada mais se vê que não seja intenção filosófica, o show de exoneraçõe­s e detenções ao carapau seguem com entradas livres e garantia de audiências para TPA, enquanto os tubarões se refrescam as suas ” ilhas particular­es” cá dentro ou lá fora, onde têm os mapas financeiro­s que podem libertar o país deste sequestro que garante futuro incerto para as gerações vindouras.

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