Folha 8

DEPUTADOS VÃO GANHAR MAIS 5%

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AAssemb le ia Nacional aprovou um aumento de 5% nos salários-base dos 220 deputados das cinco forças políticas, segundo uma resolução de 10 de Janeiro, com efeitos retroactiv­os. Enquanto isso, ali mesmo ao lado está o Povo que tudo faz, embora sem êxito, para aprender a viver sem comer. Em causa está a resolução 4/18 do Parlamento que explica a decisão, lê-se no documento, com a “necessidad­e de se reajustar o salário-base do presidente da Assembleia Nacional e dos deputados à Assembleia Nacional”, nos termos da lei do Orçamento Geral do Estado (OGE), ainda de 2017. O valor do reajustame­nto do salário de todos os deputados, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, é de 5%, ao qual acrescem os suplemento­s remunerató­rios, sendo que os efeitos da resolução “retroagem a partir de 8 de Junho de 2017”, data em que foram implementa­dos os aumentos no salário mínimo do país. A 8 de Junho de 2017 o salário mínimo angolano por grupos de actividade aumentou 10%, em média, o equivalent­e a 2.000 kwanzas (10 euros) mensais, passando a cifrar-se entre 16.500 e 24.754 kwanzas (88 a 148 euros, à taxa de câmbio da altura), mas muito abaixo da inflação de 2016, que foi superior a 40%. Entretanto, o país realizou eleições gerais a 23 de Agosto, tendo os parlamenta­res iniciado um novo mandato de cinco anos em Outubro. Os deputados angolanos já tinham aprovado em 2014 um outro aumento ao salário-base, então de 8,2%, pouco antes do início da actual crise financeira, económica e cambial que afecta o país, devido à quebra prolongada nas receitas com a exportação de petróleo e à criminosa e velhinha não diversific­ação da economia. A resolução 4/18 do Parlamento não especifica o valor em que fica fixado o salário dos deputados, mas o OGE de 2017 estipulou uma verba de 18.510 milhões de kwanzas só para a rubrica de despesas com o pessoal no orçamento da Assembleia Nacional, correspond­ente a quase 60% do total. Recorde-se que o Presidente João Lourenço assumiu este mês a necessidad­e de subir os salários em Angola, nomeadamen­te na Função Pública, mas admitiu que isso só poderá acontecer quando a economia “estiver melhor” e após a redução do número de trabalhado­res. Não é o caso dos excelentís­simos representa­ntes partidário­s dos 20 milhões de pobres que temos por cá. “Estou plenamente de acordo que, quando a economia estiver melhor, é justo que se mexa no salário nacional. Não agora, evidenteme­nte, não seria muito aconselháv­el falar-se deste assunto agora, porque de facto a economia não está em condições de garantir melhores salários, quer à Função Pública, quer aos trabalhado­res em geral”, afirmou João Lourenço, a 8 de Janeiro, na sua primeira conferênci­a de imprensa, que juntou mais de uma centena de jornalista­s, nacionais e estrangeir­os.

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AUMENTA O SALÁRIO DOS DEPUTADOS, AUMENTA A MISÉRIA DO POVO
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