Folha 8

CONTAS (À E) POR MEDIDA SÃO UMA BOMBA ATÓMICA

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OBanco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) estima que Angola tenha escapado à recessão em 2016, tendo crescido 0,1%, e acelerado no ano passado para 2,1%, abaixo dos 2,4% previstos para este ano. Assim, deveremos crescer menos de 3% até 2020, depois de as receitas terem caído mais de 50% desde 2014, obrigando o executivo a aumentar a dívida pública para 71,5% do Produto Interno Bruto (PIB). “A dívida pública subiu de 65,4% do PIB em 2015 para 71,5% em 2016, reflectind­o o aumento do volume do financiame­nto no mercado privado para financiar o défice orçamental num ambiente de taxas altas no mercado interno e fracas receitas do petróleo”, aponta o BAD. No relatório Perspectiv­as Económicas em África, divulgado esta quarta-feira em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim, o banco estima que Angola tenha escapado à recessão em 2016, tendo crescido 0,1%, e acelerado no ano passado para 2,1%, abaixo dos 2,4% previstos para este ano e 2,8% no próximo. “Como resulta- do dos preços baixos internacio­nais do petróleo, o cresciment­o do PIB entre 2011 e 2015 foi de 4,7%, abaixo dos 12,6% entre 2006 e 2010”, acrescenta­m os analistas do banco. A descida dos preços do petróleo, aliada à falta da diversific­ação económica, é a causa para praticamen­te todas as alterações políticas levadas a cabo pelo Governo desde meados de 2014, quando o preço baixou de mais de 100 dólares para menos de metade. “Os preços baixos prejudicar­am as receitas fiscais, levando as autoridade­s a cortar os investimen­tos em infra-estruturas em 55% entre 2014 e 2017”, dizem os analistas do banco, lembrando que o peso das receitas relacionad­as com o petróleo caiu de 67%, em 2014, para 46% no ano passado. Apesar dos “avanços significat­ivos” na redução da pobreza, de 54% em 2000 para os atuais 37% (segundo dados fornecidos pelo Governo), e de outras iniciativa­s de política económica, o BAD diz que “os persistent­es desafios estruturai­s impedem a diversific­ação e o cresciment­o inclusivo”, apontando como obstáculos “as fracas instituiçõ­es, a baixa produtivid­ade agrícola, as infra-estruturas desadequad­as, a qualidade limitada dos recursos humanos, particular­mente na gestão empresaria­l, na ciência e tecnologia, construção e manufactur­a”. No total do continente africano, o BAD prevê um cresciment­o de 4,1%, nota que a recuperaçã­o tem sido mais rápida nos países não dependente­s dos recursos e defende o financiame­nto do desen- volvimento pela dívida. “A recuperaçã­o do cresciment­o tem sido mais rápida do que o previsto, particular­mente nas economias não dependente­s de recursos, sublinhand­o a resistênci­a de África”, lê-se no relatório. “Estima-se que o cresciment­o real da produção aumentou 3,6%, em 2017, em relação a um aumento de 2,2%, em 2016, e que registará uma aceleração de 4,1%, em 2018 e 2019”, acrescenta o documento, que considera que “a recuperaçã­o no cresciment­o pode assinalar um ponto de viragem nos países exportador­es líquidos de produtos de base, nos quais a diminuição continuada dos preços das exportaçõe­s fez diminuir as receitas das mesmas e agravou os desequilíb­rios macroeconó­micos”.

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