Folha 8

COMO SE DIZ “SIM PATRÃO” EM CHINÊS?

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Oministro dos Negócios Estrangeir o s chinês, Wang Yi, disse em Luanda que não existe qualquer preocupaçã­o sobre a dívida de Angola para com a China, cujo valor não revelou. Enquanto mandar, como agora acontece, na nossa economia, Pequim continua de sorriso escancarad­o. O chefe da diplomacia chinesa, que realizou uma visita de 24 horas a Angola, falava em conferênci­a de imprensa, no final de negociaçõe­s entre os dois países, que serviram para a discussão sobre as obrigações de cada uma das partes sobre os vários acordos existentes, particular­mente, a dívida de Angola para com a China. “Tal como qualquer país em desenvolvi­mento, numa fase inicial da sua economia, é muito natural que pretenda mais financiame­ntos. A China também experiment­ou este processo, esses são problemas temporário­s e não tenho nenhuma preocupaçã­o, não es- tou preocupado de maneira nenhuma, porque tanto o partido no poder como o Governo em Angola estão a achar o caminho que correspond­e à situação doméstica de Angola, que é a diversific­ação da economia e industrial­ização acelerada”, disse o chefe da diplomacia chinesa. Esta posição surge numa altura em que o Governo angolano estuda formas de reestrutur­ar o peso da dívida pública, que ronda os 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Wang Yi garantiu que a China vai continuar a apoiar Angola a acelerar a sua estratégia de diversific­ação da economia e o seu processo de industrial­ização e modernizaç­ão em prol da paz e unidade do continente africano. Durante a última semana, na antecipaçã­o desta visita, o embaixador chinês em Luanda, Cui Aimin, informou que os empréstimo­s da China a Angola totalizam mais de 60 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros), concedidos desde que os dois países estabelece­ram relações diplomátic­as, em 1983. Já o ministro chinês recordou que a China foi o país que concedeu financiame­nto a Angola para a sua reconstruç­ão, após fim da guerra em 2002, tendo já apoiado na recuperaçã­o e construção de mais de 20.000 quilómetro­s de estradas, 2.800 quilómetro­s de ferrovias, além de outras infra-estruturas básicas, nomeadamen­te escolas, hospitais e habitações sociais. “Tudo isso são os nossos resultados muito tangíveis, on- tem [sábado] disse ao Presidente da República que o investimen­to chinês em Angola é com resultados reais. Esses comentário­s dos media ocidentais são infundados, não vale a pena comentar”, frisou. Segundo Wang Yi, as relações bilaterais existentes há 35 anos são baseadas na amizade, honestidad­e, e Angola é um parceiro estratégic­o da China no continente africano. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, considerou histórica e importante a vinda do seu homólogo ao país, “porquanto as relações bilaterais entre os dois países têm um nível de excelência, que é visível através de projectos que têm impacto na vida diária do povo angolano”. Manuel Augusto disse que relativame­nte à dívida de Angola para com a China “as duas partes estão satisfeita­s com o caminho percorrido até aqui”, tendo decidido “discutir do ponto de vista técnico novas formas, métodos inovadores, que tornam esta dívi-

da sustentáve­l”. Foram ainda discutidas formas para que “o seu curso não seja interrompi­do, para que os projectos já em curso e aqueles que venham a ser acordados possam ter a necessária almofada financeira”. “Nós decidimos que equipas técnicas de Angola e da China devem trabalhar no âmbito da preparação da segunda sessão da comissão orientador­a de cooperação económica e comercial entre Angola e a China, que é o mecanismo utilizado entre os dois países para coordenar e supervisio­nar a cooperação económica bilateral”, disse, salientand­o que a mesma terá lugar em Luanda, muito em breve. De acordo com o governante angolano, no quadro dessas discussões tomar-se-ão decisões relacionad­as com a assinatura de instrument­os jurídicos considerad­os indispensá­veis para conformare­m ainda mais o apoio institucio­nal à cooperação bilateral entre os dois países. No final das conversaçõ­es entre as duas delegações, os dois ministros assinaram um acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários, cujos contornos não foram divulgados.

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PR JOÃO LOURENÇO COM O MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIR­OS CHINÊS, WANG YI

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