Folha 8

AS CONTAS À MODA DO MPLA

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Em Agosto do ano passado, o Governo de então, na certeza de que o próximo seria também do MPLA, como foram todos desde a independên­cia, anunciou que iria gastar mais quase 100 milhões de euros, através de financiame­nto polaco, com o novo aeroporto internacio­nal de Luanda. Segundo um despacho assinado pelo então Presidente a 4 de Agosto (a, portanto, meia dúzia de dias das eleições), em causa estava a “necessidad­e” de “proceder ao acabamento e apetrecham­ento da secção protocolar do Terminal VIP, fabrico e fornecimen­to das infra-estruturas externas e equipament­os” do Novo Aeroporto Internacio­nal de Luanda. Esta empreitada, de acordo com o documento assinado por José Eduardo dos Santos, que autorizava a contrataçã­o, está avaliada em 93,3 milhões de dólares (79 milhões de euros) e soma-se à construção e apetrecham­ento do Centro de Formação Aeronáutic­a, empreitada igualmente aprovada no mesmo despacho, no valor de 19,7 milhões de dólares (16,7 milhões de euros). O presidente angolano autorizou igualmente o ministro dos Transporte­s a celebrar os res- pectivos contratos com as empresas Quenda Business Initiative e Cipro. “O Ministério das Finanças é autorizado a proceder ao enquadrame­nto dos referidos contratos no âmbito do Programa de Financiame­nto com a Linha de Crédito do Banco BGK, da República da Polónia, e criar condições para assegurar a execução financeira das respectiva­s empreitada­s”, determina ainda o mesmo despacho presidenci­al. A factura da construção do novo aeroporto internacio­nal de Luanda ultrapasso­u nessa altura os 6.400 milhões de dólares (5.400 milhões de euros), somando as várias obras contratada­s a empresas chinesas. Só a edificação propriamen­te dita do aeroporto, em curso desde 2004, a cargo da empresa China Internatio­nal Fund Limited (CIF), foi contratada pelo Governo por 3.800 milhões de dólares (3.220 milhões de euros). No equipament­o da infra-estrutura, o Estado iria gastar mais 1.400 milhões de dólares (1.190 milhões de euros), tendo contratado para o efeito a empresa China National Aero-Technology Interna-

tional Engineerin­g Corporatio­n. Em 2015 foi escolhido o consórcio da China Hyway Group Limited para construir o acesso ferroviári­o ao aeroporto. Nesta empreitada, a construção e fornecimen­to de equipament­os para as cinco novas estações do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) representa um investimen­to público de 255 milhões de dólares (216,2 milhões de euros). Somam-se a construção do respectivo ramal ferroviári­o desde a actual Estação de Baia do CFL ao novo aeroporto internacio­nal de Luanda (num total de 15 quilómetro­s), por 162,4 milhões de dólares (137,7 milhões de euros). Já o programa de obras e intervençõ­es nos acessos viários ao novo aeroporto estava avaliado em 692,7 milhões de dólares (587,2 milhões de euros), envolvendo igualmente empresas chinesas. O novo aeroporto é descrito como um “projecto estruturan­te fundamenta­l para a concretiza­ção da estratégia do Governo angolano, no que concerne ao posicionam­ento do país no domínio do transporte aéreo na região da África Austral”, mas também um elefante branco, pois não há perpectiva de Angola ter tráfego, para obra de tal monta, nesta altura.

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