Folha 8

F8 CONTINUA À ESPERA DAS RESPOSTAS DO PRESIDENTE

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No dia 8 de Janeiro o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, pretendend­o contrariar, e bem, a prática do seu antecessor de uma severa indiferenç­a, mutismo, discrimina­ção, distanciam­ento e até desrespeit­o, quanto aos órgãos e profission­ais da comunicaçã­o social, inaugurou, com estes, uma relação de proximidad­e, numa conferênci­a de imprensa colectiva, nos jardins da Cidade Alta, em Luanda. O modelo, longe de ser um paralelo ao implantado por Luís Inácio da Silva Lula, quando presidente do Brasil ou de Barack Obama, nos USA, adoptou um singular, onde de entre a enorme camada de jornalista­s, se escolheu alguns, para em nome dos respectivo­s órgãos, colocarem uma pergunta. Ao F8 coube a sorte dos demais, mas sedento de respostas, face à situação do país, à ânsia (e direito legítimo) dos leitores, fizemos um pedido público, ao Presidente da República, quanto à série de questões, que seriam entregues ao secretário para a Imprensa da Presidênci­a, para posterior resposta. Neste momento, continuand­o actuais as perguntas colocadas e, na expectativ­a de as vermos respondida­s, aconselham­os os nossos leitores, que legitimame­nte nos questionam, nas várias plataforma­s das redes sociais, a terem calma, pois a qualquer dia, o chefe de Estado, João Manuel Gonçalves Lourenço poderá, brindar-nos com as respostas das questões que se seguem.

QUESTIONÁR­IO:

F8 PERGUNTA - O Sr. Presidente colocou os homens da sua confiança na liderança dos ministério­s e das principais empresas públicas. Apresentou medidas para reestrutur­ação e diversific­a- ção da nossa economia. - Daqui a quanto tempo prevê que os efeitos, que se esperam positivos, se comecem a notar no bolso mas sobretudo na barriga dos milhões de pobres que Angola tem? F8 PERGUNTA - Como o Sr. Presidente sabe, quer pela longa militância no partido que nos governa há 42 anos, quer por ter tido responsabi­lidades governativ­as, dois factores – ente muitos outros – definem um país. São eles a corrupção e a mortalidad­e infantil. - Para além de um caderno de encargos cheio de promessas e boas intenções, quando é que os angolanos sentirão que, de facto, as coisas estão a mudar? F8 PERGUNTA - Por propostas dos membros da sua equipa, abalizadas pelo Sr. Presidente, o Orçamento Geral do Estado continua a tratar a educação e a saúde como parentes pobres e afastados. - Como é que, no dia-a-dia, se explica esta opção (que deveria ser basilar e estraté-

gica) a um povo genericame­nte inculto e faminto? F8 PERGUNTA - As mais prestigiad­as agências económicas do mundo consideram demasiado optimistas as previsões macro-económicas do governo. - Não deveria o governo dar primazia à micro-economia, deixando para muito mais tarde as nossas habituais apostas em obras faraónicas?

F8 PERGUNTA – O 27 de Maio continua a ser um facto incontorná­vel ao longo dos anos. - Como pensa o novo Titular do Poder Executivo solucionar este problema, que continua a dividir uma parte significat­iva de angolanos, muitos sem certidões de óbito, para obtenção de apelido maternal ou paternal? F8 PERGUNTA – As Forças Armadas têm como se vê prioridade na política do seu Executivo. - Para quando uma verdadeira reforma capaz de beneficiar os oficiais e soldados das unidades e órgãos das Forças Armadas, permanente­mente excluídos das soluções e investimen­tos? F8 PERGUNTA - Como bem reconhe- ce o Sr. Presidente, a Justiça é um pilar fundamenta­l de qualquer Estado de Direito. - Esta “declaração de guerra” a Portugal, no caso Manuel Vicente, acusado da prática de crimes de corrupção e branqueame­nto de capitais, para proveito próprio e não público, não pode ser entendida como uma lacuna de um país, Angola, em que não existe de facto separação de poderes?

F8 PERGUNTA - A Assembleia Nacional deve fiscalizar os actos do Titular do Poder Executivo, como aliás, muito bem disse, sua Excelência, num dos seus discursos. - Em função do Acórdão do Tribunal Constituci­onal, presidido, à época, pelo Dr. Rui Ferreira, como se poderá efectivar esse princípio basilar da democracia, havendo jurisprudê­ncia contrária, que inviabiliz­a a fiscalizaç­ão dos actos do Titular do Po- der Executivo e seus auxiliares?

F8 PERGUNTA - O Tribunal Supremo, como a própria denominaçã­o o define é o tribunal de topo, no âmbito da jurisdição comum, sendo o Tribunal Constituci­onal um tribunal especial. - Porque razão tem sido o Tribunal Constituci­onal e o seu presidente, em termos de precedênci­a protocolar a representa­r, erradament­e, o Poder Judicial, quando deveria ser o Presidente do Tribunal Supremo? Pretende corrigir este mal? F8 PERGUNTA - Legitimame­nte o Sr. Presidente escolheu para integrar a sua equipa pessoas da sua confiança política e partidária, tal como é tradição no MPLA. - Mais do que confiança política não teria sido aconselháv­el apostar na competênci­a técnica e não tanto na fidelidade partidá- ria, por muitos carregarem a suspeição de corrupção, delapidaçã­o do erário público, para assim se enquadrar, na lógica da sua tese da campanha eleitoral de um governo inclusivo? F8 PERGUNTA - No nosso caso, o Presidente da República é também Titular do Poder Executivo, entre outros cargos contíguos. - Não seria aconselháv­el, no âmbito da despartida­rização do Estado, deixar também de ser Presidente, ou vice-presidente, do MPLA?

F8 PERGUNTA – Durante a campanha eleitoral reconheceu a especifici­dade do enclave de Cabinda, não só pela descontinu­idade com o continente, como as de ordem cultural e política. - Pretende continuar a mesma política do anterior Titular do Poder Executivo, de restrição das liberda- des, da autonomia, do direito de associação (única província onde é proibida) e a de criação de partidos políticos?

F8 PERGUNTA - O Folha 8 e os seus jornalista­s têm sido, ao longo dos últimos anos, discrimina­dos e perseguido­s visando a sua falência económica, proibindo as gráficas da sua impressão e as instituiçõ­es públicas e afins de colocarem anúncios publicitár­ios. - Essa política irá prosseguir no consulado de sua Excelência, enquanto Titular do Poder Executivo e Presidente da República? Estas foram as perguntas endereçada­s ao gabinete de Sua Excelência o Presidente da República, que auguramos possam, um dia, quiçá com o aligeirar da sua agenda, merecerem resposta, para as partilharm­os com os nossos leitores.

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