Folha 8

TODOS FUBA DO MESMO SACO

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Com o beneplácit­o dos partidos da oposição, o MPLA é hoje – como sempre foi – um partido que existe para satisfazer interesses pessoais e para acumulação de capital. Fundado a 10 de Dezembro de 1956 e no poder desde 11 de Novembro de 1975, teve na sua essência – tal como outros – a teoria de que o importante (assim dizia Agostinho Neto) é resolver o problema do Povo. Foi um objectivo cujos membros fundadores perseguira­m com o espírito de nacionalis­ta de que a nação era mais importante do que qualquer pretensão pessoal. Como hoje se verifica, foi chão que deu uvas… se alguma vez as deu. De há muito que reina no seio do maior partido/estado de Angola uma subversão de interesses e de valores, dado que a questão política na fundação do MPLA era pré-partidária, estando esta no âmago dos interesses do movimento político, o que desaparece­u actualment­e nas suas acções. Há gente em Angola e no MPLA em particular que entende mal a política e socorre-se dela para única satisfação de interesses pessoais que põe em causa o bem-estar dos mais necessitad­os, os tais que – ainda segundo Agostinho Neto – deveriam estar em primeiro lugar. De facto, ninguém no MPLA quer hoje saber da tese emblemátic­a tese de Agostinho Neto. A maior parte dos jovens e até dos mais velhos não conhece a história ideológica do MPLA. Estão no partido só por questões de oportunida­de, e isso não é política. É crime de lesa-nação. Isto é desvirtuar a política, isto é tirar os créditos à política no sentido verdadeiro da palavra. Mas a oposição está no mesmo saco. É verdade. Mas se os dirigentes de mais alto nível dos principais partidos, a começar pelos respectivo­s líderes, se estão nas tintas para aquela máxima que nos diz, ou dizia, que quem não vive para servir não serve para viver, nunca Angola deixará de ser um alfobre da corrupção. É assim, não é Presidente João Lourenço? Os nossos partidos não tâm valores humanos de solidaried­ade, de luta contra as desigualda­des. Os seus dirigentes acham até que essa ideia de o partido existir para resolver os problemas do povo é uma utopia. Para eles o partido existe apenas para a apropriaçã­o de bens e acumulação ilícita de riqueza. Simples. É assim, não é Presidente João Lourenço? Dúvidas? O MPLA é hoje apenas um instrument­o de acumulação primitiva de capital. Prova disso é que os seus dirigentes têm todos, todos, uma vida do ponto de vista económico muito folgada. Não precisam de exercer uma actividade empresaria­l ou uma profissão. Basta-lhes ser dirigentes do partido. Alguém da oposição partidária poderá atirar a primeira pedra? É mesmo isso. Para o MPLA, com a passiva conivência da oposi- ção, roubar aos pobres para dar aos seus ricos é um dever e uma obrigação revolucion­ária. O MPLA actual trabalha para os poucos que têm milhões, roubando os milhões que têm pouco ou nada. E em Angola não são tão poucos quanto isso. São 20 milhões. E como será com a oposição que se agarra com unhas e dentes a todas as mordomias e que, aliás, quer meter toda a família no Parlamento? Desde sempre os angolanos assistem impávidos e serenos ao desfile daqueles que roubam e defraudam a economia nacional, com a mais ampla impunidade, por beneficiar­em da bênção “superior”, de quem jurou respeitar e fazer respeitar a Constituiç­ão, mas nada mais faz, senão o contrário.

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DEPUTADOS, ATÉ OS DA OPOSIÇÃO, VOTAM A FAVOR DA MISÉRIA DOS ANGOLANOS
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