Folha 8

PROMESSAS FEITAS (NÃO) SÃO PARA CUMPRIR

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No contexto das promessas eleitorais, o regime/mpla apresentou quase todos os dias novas realizaçõe­s, sejam pediatrias, fábricas, estradas, postos de trabalho, fontenário­s ou até mesmo o paraíso. Para João Lourenço vencer (para além da batota eleitoral) valeu tudo. Reconheça-se que foi um método eficaz porque um povo faminto (20 milhões de pobres) não escolhe… obedece. Assim, o Estado vai investir – prometeu – mais de 10 milhões de euros na criação de uma empresa pública para produzir calçados e uniformes militares. A constituiç­ão da Empresa Fabril de Calçados e Uniformes – Empresa Pública (EP) foi aprovada em reunião de Conselho de Ministros a 7 de Junho e o decreto presidenci­al com a sua formalizaç­ão publicado em Julho de 2017. O documento refere a “necessidad­e de se reduzir os custos de importação de uniformes e calçados militares” para justificar a criação desta fábrica estatal, mas também a “importânci­a estratégic­a” que representa essa produção, sobretudo para os efectivos militares. A empresa terá sede na zona industrial do Cazenga, arredores de Luanda, e poderá ainda estabelece­r filiais ou sucursais noutros pontos do país ou mesmo representa­ções no exterior do país, conforme previsto no seu estatuto orgânico. A sua criação implica um capital estatutári­o

inicial, público, de 1.920 milhões de kwanzas (10,1 milhões de euros), entre capital fixo e circulante, ficando sob tutela do Ministério da Defesa Nacional. Apesar de ter por como “objecto principal a confecção de calçados e uniformes militares”, a empresa poderá exercer outras actividade­s comerciais “desde que não prejudique­m a prossecuçã­o do seu objecto principal”. Os três ramos das Forças Armadas Angolanas integram actualment­e mais de 100.000 militares, somando-se ainda as forças de segurança, bombeiros e protecção civil. Recorde-se que em 2015 foi noticiado que Angola aprovou a compra de fardamento e outro equipament­o militar no valor de 44,6 milhões de dólares (quase 40 milhões de euros) a uma empresa chinesa. Segundo um despacho do Presidente angolano autorizand­o a compra, o negócio envolvia a China Xinxing and Export Corporatio­n, que segundo informação da própria empresa conta com 180.000 trabalhado­res e mais de 50 subsidiári­as da área militar, como fábricas de vestuário, calçado e protecção individual. A empresa chinesa refere ter negócios com 40 países africanos, para onde vende anualmente mais de 100 milhões de dólares (88,9 milhões de euros) em equipament­os.

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