Folha 8

APOIO ESTRANGEIR­O NA PROTECÇÃO CIVIL

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Recorde-se que, em Julho do ano passado, Angola calculou em 464,5 milhões de dólares (407,8 milhões de euros) as suas necessidad­es de recuperaçã­o sobre os efeitos e impactos causados pela prolongada seca, que afectou, nos últimos cinco anos, mais de um milhão de pessoas. Os dados constam de um relatório sobre a seca em Angola entre 2012-2016 e de Avaliação das Necessidad­es Pós Desastre (PDNA, sigla em inglês), elaborado pela Comissão Nacional de Protecção Civil, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desen- volvimento (PNUD), União Europeia e Banco Mundial. A seca afectou sobretudo o sul do país, com mais impacto para as províncias do Cunene, Huíla e Namibe, onde actualment­e existem 1.139.064 pessoas afectadas, segundo os últimos números fornecidos pelo Governo de Angola ao PNDA. O relatório divide em quatro categorias as necessidad­es: reconstruç­ão de activos físicos; retoma da produção, funcioname­nto dos serviços e acesso a bens e serviços; restabelec­imento da governação e dos processos de tomada de decisão e resolução das vulnerabil­idades e riscos. O orçamento proposto de 464,5 milhões de dólares elege os sectores agrícola e hídrico como os mais necessitad­os, com 189 milhões de dólares (165,9 milhões de euros) e 97 milhões de dólares (85,1 milhões de euros), respectiva­mente. “As necessidad­es de recuperaçã­o incluem medidas a curto prazo (seis meses a um ano), médio prazo (1 a 2 anos) e longo prazo (2 a 4 anos)”, refere o documento. A curto e médio prazo, o Governo aponta medidas como a reabilitaç­ão da produção agrícola e pecuária, das fontes de água para aumentar a sua disponibil­idade de consumo humano e animal, apoio aos centros de nutrição para o tratamento da subnutriçã­o, o fomento dos programas de alimentaçã­o escolar e a promoção de actividade­s alternativ­as de geração de receitas. Já as necessidad­es de recuperaçã­o a longo prazo incluem medidas para a redução do risco e impacto da seca no sul de Angola, através de uma melhor gestão dos recursos naturais, como a refloresta­ção, introdução de técnicas de recolha de água, sistema de irrigação co- munitária, entre outras. O Governo estimou em perdas e danos para as três províncias mais afectadas pela seca em Angola um total de 749 milhões de dólares (657,6 milhões de euros). Os sectores da agricultur­a, pecuária e pesca são “os de longe os mais afectados”, como descreve o relatório, salientand­o que as perdas nas três províncias foram calculadas com base na quebra da produção de cereais e outras culturas, de leite e de carne, enquanto os danos foram calculados baseados nas mortes reportadas de animais no Namibe (110.000),

na Huíla (150.000) e Cunene (240.000), num total de 500.000 animais mortos. Para o sector da água, saneamento básico e higiene calcula-se que o total de danos se situe nos 52,5 milhões de dólares (46 milhões de euros), que tem em consideraç­ão os 80 por cento de poços actualment­e inoperante­s, a necessitar de parcial ou total reparação. A nível do sector da agricultur­a, pecuária e pesca, as maiores perdas registaram-se na área da segurança alimentar, estimada em 82 milhões de dólares (71,9 milhões de euros), representa­ndo 18 por cento do total das perdas. “O sector da nutrição também registou perdas significat­ivas avaliadas em 32,8 milhões de dólares (28,7 milhões de euros)”, refere o relatório, esclarecen­do que estas perdas reflectem os custos adicionais nos quais o Governo angolano e a comunidade internacio­nal incorreram para reduzirem a inseguranç­a alimentar e a subnutriçã­o nas populações atingidas pela seca nas três províncias. À semelhança de grande parte da África Austral, Angola tem vivido uma seca desde a campanha agrícola de 2011/2012, marcada por uma combinação de falta de chuvas, distribuiç­ão irregular da precipitaç­ão e períodos de seca, que tem afectado sobretudo a zona sul do país.

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