DE ANTI-MPLA A PRÓ-MPLA
Segundo Paulo Portas , que também chegou – por razões de estratégia basilar do mercenarismo – a ser anti-mpla, Portugal não deve “explicar aos angolanos como é que eles devem ser angolanos”. Nessa altura, sob as ordens do soba-maior José Eduardo dos Santos, chegou mesmo a ser designado como Luvualu de Carvalho para a Europa e América Latina. O “essencial” – de acordo com o ex-líder de grandes militantes do CDS, caso de Jacinto Leite Capelo Rego – não eram os atropelos sistemáticos aos direitos humanos em Angola, mas sim garantir que Portugal mantinha a sua quota de negócios, mesmo que estes sejam pagos com diamantes e petróleo de sangue. Em 2016, durante um jantar conferência na Escola de Quadros do CDS-PP (uma espécie de aulas de educação patriótica da JMPA), Paulo Portas deu razão “à escola diplomática que entende que a missão do Estado português é defender os interesses de Portugal” e que “não têm razão os que acham que é uma atribuição de Portugal explicar aos angolanos como é que eles devem ser angolanos”. Quem viu o Paulinho e
quem o vê. Desde que começou a visitar regularmente os seus camaradas do MPLA e prescindiu, pela prática, do uso de vaselina (espécie de gordura mineral extraída do petróleo), ficou mais subserviente ao rei de Angola. O rei mudou mas a subserviência manteve-se. “Esse tempo passou quando o império caiu”, destacou Paulo Portas, reforçando que “quem sabe o futuro dos angolanos, são os angolanos”. É verdade. Um dia destes, assim o solicite João Lourenço, Paulo Portas vai dizer, com a mesma lata, que Eduardo dos Santos não era bestial mas, isso sim, uma besta. Mas os angolanos, quando isso acontecer, vão mandar Paulo Portas e os seus restantes companheiros e camaradas (entre outros, Cavaco Silva, José Sócrates, Jerónimo de Sousa, António Costa e Passos Coelho) para o seu habitat natural, o chiqueiro onde tanto gostam de chafurdar. O que preocupa Paulo Portas, tal como mandam as indicações recebidas pelo seu patrono e patrão, nunca foram os atropelos sistemáticos aos direitos humanos por parte do regime angolano, já que a missão do reino português passa por defender os seus negócios noutros “mercados e territórios”. “Concentremo-nos no essencial: se Portugal não tiver uma boa relação com Angola os chineses, turcos, franceses, italianos, ingleses, espanhóis vão tomar as posições que Portugal tem em Angola”, deixou claro o ex-vice-primeiro-ministro, ex-líder do CDS, ex-anti-MPLA.