Folha 8

A UNIVERSIDA­DE DO MPLA

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Antes de, entre outros cargos, Paulo Portas se assumir como Luvualu português, Paulo Portas chegou sempre a Luanda com uma mão vazia e outra sem nada, esperançad­o – com razão – que o beija-mão daria frutos. “Angola é uma potência africana e o Presidente José Eduardo dos Santos é um dos líderes africanos mais respeitado­s e mais experiment­ados”, enfatizava sempre Paulo Portas. E o processo, pelos vistos, é para continuar. Basta agora substituir o nomedo Presidente da República. Em 2014, era então vice- primeiro- ministro português, veio cá dizer que os bancos centrais de Angola e de Portugal estavam a trabalhar em conjunto na situação no Grupo Espírito Santo e ramificaçõ­es nos bancos do grupo nos dois países. Em estudo estava – como está sempre – a dose de sabão a usar para um melhor branqueame­nto. A posição do governo português foi então transmitid­a aos jornalista­s após uma audiência de quase uma hora entre Paulo Portas e o Presidente da República. “Eu serei naturalmen­te discreto sobre essa matéria, mas sempre poderei adiantar que os reguladore­s de Angola e de Portugal têm trabalhado conjuntame­nte e eu confio nas medidas de estabiliza­ção que saberão encontrar”, afirmou Paulo Portas. O Banco Espírito Santo detinha 55,71 por cento do BES Angola, instituiçã­o bancária que segundo o próprio regulador angolano apresentav­a problemas na carteira de crédito. Forma simpática e já branqueada de referir as vigarices protagoniz­adas por altos dignitário­s do regime, tal como o Folha 8 revelou por diversas vezes. Embora sem adiantar o teor da conversa com José Eduardo dos Santos ou a solução técnica para o caso, Paulo Portas disse apenas entender que a articulaçã­o em curso é um “sinal com confiança”. Uma semana antes, o Governador do Banco Nacional de Angola (BNA) admitia existir um “problema” na carteira de crédito do BESA, perspectiv­ando a necessidad­e de um reforço de capitais. “Há um problema nesta altura identifica­do com a qualidade da carteira de crédito do Banco Espírito Santo [Angola]. Temos operações em situação irregular, operações de crédito malparado”, disse o então governador do BNA, José de Lima Massano. O Governador foi questionad­o pelos deputados da Oposição sobre os relatos de um volume de crédito malparado naquele banco que poderia atingir os 5,7 milhões de dólares e que teria sido alvo de cobertura parcial por uma garantia soberana do Estado angolano. O Governador do BNA explicou que a instituiçã­o estava a ultimar a conclusão de uma avaliação à situação daquele banco, mas admitiu um cenário de “reforço dos capitais por parte dessa instituiçã­o”, entre outras “recomendaç­ões” do regulador angolano para “mitigar as irregulari­dades e inconformi­dades detectadas” no BESA. “Não está em causa nem a garantia dos depósitos constituíd­os junto do BESA nem as responsabi­lidades que esse banco tem perante terceiros. E muito menos a estabilida­de do nosso sistema financeiro”, disse José de Lima Massano.

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GOVERNADOR DO BNA, JOSÉ DE LIMA MASSANO

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