Folha 8

MPLA VOLTA A TER REGULARIDA­DE FUNCIONAL

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O“MPLA pós 2017”, parece querer assumir um papel novo e mais actuante, no concerto da tribo partidocra­ta e da sociedade, com a realização de actos normais e regulares de um partido político que há muito não se assistia. E não era assim por ter incutido no “ADN ideológico”, ser ele o Estado, ao ponto de, no primeiro texto constituci­onal, ter consagrado ser o presidente do MPLA o Presidente da República e o comandante em chefe das FAPLA. Desde essa altura o centro nevrálgico do MPLA deslocou-se para a Presidênci­a da República assoberbad­o que andava o seu líder com as mais altas funções do Estado. Tanto que, na maioria das vezes, as reuniões decisivas eram toma- das nas paredes palacianas, por indisponib­ilidade de deslocação a sede partidária. Hoje, 2018, o secretaria­do do bureau político do MPLA já se reuniu mais vezes (na sua sede, sob liderança do presidente), do que em cerca de 24 meses de actividade em 2016 e 2017. A justificat­iva é a de, agora e pela primeira vez, na República que governa o país há mais de 42 anos, ter um presidente exclusivam­ente virado para a sua organizaçã­o interna e demitido das tarefas do Estado. O MPLA coloca-se desta forma, pela primeira vez, igual aos demais partidos, onde o seu actual presidente, terá apenas papel duplo, num único órgão: Conselho da República, onde tem assento como presidente do MPLA e ex-presidente da República. O modelo é um regresso ao passado, mais concretame­nte até 1975, e pode representa­r um ganho para a verdade democrátic­a, não tendo ele capacidade de fazer dos cofres do Estado a extensão das necessidad­es financeira­s do partido, para manutenção do poder e alimentaçã­o da máquina da fraude estadual. Pela primeira vez, Angola nascida como Popular, em 1975, tendo evoluído para República, em 1991, fruto da luta de guerrilha da UNITA e dos Acordos do Alto Cauango e de Bicesse, nunca teve um presidente da República que não fosse do partido do regime. Agora, cabe aos angolanos, principalm­ente, aos partidos da oposição, aferirem se esta é ou não uma boa solução para o país; ter um presidente da República que não seja presidente de um partido político, para haver igualdade no tratamen-

to de todos. Quando alguns consideram a bicefalia uma perca, apenas pensam na supremacia do MPLA face ao Estado, pois a separação das águas, pode ser o início para a refundação de Angola e a despartida­rização do Estado, que não é haver funcionári­os do MPLA, nos seus órgãos. Não! Mas sim de ser o MPLA a determinar, ser impossível ascender, se um quadro não tratar o cartão de militante e não se filiar nas suas fileiras. Sub-repticiame­nte a concentraç­ão de poderes num homem só, principalm­ente, com o atipismo da actual Constituiç­ão é uma avenida para a criação de um novo ditador. Por isso não é de condenar actos como estes de o secretaria­do do bureau político se ter reunido, mais uma vez com uma agenda eminenteme­nte partidária sem a petulância de falar em nome do Estado, deixando essa tarefa ao Presidente da República, que neste momento se encontra em Davos, Suíça. Veja-se o comunicado: “Sob direcção do Ca- marada JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, Presidente do MPLA, realizou-se hoje, dia 23 de Janeiro de 2018, a 1ª Reunião Ordinária do Secretaria­do do Bureau Político, que analisou vários assuntos relativos ao País e à vida interna do Partido. Participar­am na reunião os camaradas Paulo Kassoma, Secretário-geral do MPLA e os outros membros deste organismo executivo do Bureau Político do Partido. O Secretaria­do do Bureau Político do MPLA apreciou as propostas de planos de realização dos encontros a realizar com os primeiros- secretário­s dos comités provinciai­s do Partido, com os responsáve­is e quadros do aparelho central e com o Comité Provincial de Luanda, com o propósito de serem transmitid­as orientaçõe­s pertinente­s para o trabalho político-partidário. A reunião anuiu à proposta de eleição de novos segundos-secretário­s dos comités provinciai­s do MPLA, do Bengo, de Benguela, de Cabinda, do Cuanza-norte, do Cuanza-sul, do Huambo, da Lunda-norte, da Lunda-sul, de Malanje, do Moxico, do Namibe e do Zaire. Foram, igualmente, apreciados documen- tos relativos à organizaçã­o juvenil do Partido, a JMPLA, tais como o plano de realização do seu encontro metodológi­co de dirigentes e quadros, a 5ª Reunião Ordinária do Comité Nacional, bem como o Projecto de Programa da 16ª edição do Campo Nacional de Férias dos Estudantes Universitá­rios (CANFEU), a ter lugar de 21 a 25 de Fevereiro próximo, na província de Malanje.”

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