“GOVERNO NÃO PODE FORÇAR EMPRESÁRIOS A REPATRIAR DINHEIRO”
O Governo não pode forçar um empresário a repatriar os seus fundos legítimos que estão no estrangeiro, disse o conhecido empresário e general angolano Bento Kangamba
Ao participar no programa “Angola Fala Só”, Kangamba abordou uma vasta gama de assuntos colocados pelos ouvintes, desde acusações de corrupção a negócios e futebol. O general reafirmou declarações anteriores que os seus advogados estão a trabalhar para pedir indemnizações aos governos do Brasil e Portugal pelas acusações de tráfico de mulheres (no Brasil) e lavagem de fundos (em Portugal), que foram depois rejeitadas em tribunal. “O que está em jogo é o meu nome, o nome da minha família e a minha imagem que é bem vista em Angola e África”, disse, lembrando que com essas decisões dos tribunais se justificam agora as suas declarações anteriores de que era “invejado”. Kangamba disse ser mentira que estivesse envolvido num caso em França em que ci- dadãos portugueses e angolanos foram apanhados com centenas de milhares de dólares em França a caminho de Mónaco, onde ele se encontrava. “As pessoas meteram o meu nome e eu não tinha nada a ver com isso”, disse, explican- do que “uma pessoa ligada a mim com os seus negócios viajava por um sítio e foi preso, mas eu não tenho nada a ver com isso”. O general afirmou que vai “a Mónaco quando quiser” porque nunca teve problemas “em processo algum”. Bento Kangamba de- screveu a governação do Presidente João Lourenço como “boa” e parte de “uma grande transição que está a acontecer em Angola”. “Temos que apoiar o Presidente na transição e também aquele que está a fazer a transição para o seu sucessor”, acrescentou, afirmando que as exonerações “são uma coisa normal e formal para qualquer Presidente”. Noutra parte do programa Bento Kangamba, que é membro do Comité Central do MPLA, foi interrogado sobre notícias que afirmam existir crescente tensão entre o Presidente João Lourenço e o presidente do partido Eduardo dos Santos. “O Presidente João Lourenço poderá chegar a presidente do MPLA a qualquer momento ou a qualquer dia e não temos que ter pressa porque estamos numa transição”, disse, lembrando que foi Santos que decidiu abandonar o cargo de Presidente da República sem qualquer pressão. Interrogado se acredita que José Eduardo dos Santos vai abandonar a política em 2018 como prometido, Bento Kangamba disse que ele não tinha especificado em que mês de 2018 iria abandonar o cargo. “Isso é uma promessa que ele fez a todos os angolanos”, sublinhou. Quanto as origens da sua fortuna, Bento Kangamba afirmou que mesmo antes de ingressar nas FAPLA nos anos de 1980 “já tinha dinheiro” por ter estado envolvido no garimpo dos diamantes. O empresário disse que na altura não se podia fazer negócios abertos de diamantes e que o seu pai chegou a ser preso. “Eu também fui uma vez ouvido sobre os diamantes”, revelou, acrescentando que agora a sua empresa se dedica a diversos ramos de negócio, como a construção de casas. “Faço o meu negócio