Folha 8

DIVERSIFIC­AR OS FINANCIAME­NTOS

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O Governo pretende diversific­ar os mecanismos de financiame­nto externo, admitindo a “exaustão” do modelo de carregamen­to de barris de petróleo como garantia das linhas de crédito de países financiado­res, como a China. O alerta surge no PEM, aprovado no final de 2017 pelo Governo, com medidas para melhorar a situação financeira e os principais indicadore­s económicos, numa altura em que o stock de dívida interna da administra­ção central ascende a 5,3 biliões de kwanzas (26,5 mil milhões de euros) e a externa a 4,4 biliões de kwanzas (22 mil milhões de euros). Angola é actualment­e o segundo maior produtor de petróleo de África, com uma média superior a 1,6 milhões de barris por dia, metade dos quais seguem para a China, que é o maior financiado­r do país. O Governo reconhece que Angola tem recorrido a financiame­nto externo “maioritari­amente para apoio à carteira de projectos do Programa de Investimen­to Público (PIP)”, um sistema de linhas de crédito, Estado a Estado, habitualme­nte suportado por seguros à exportação e taxa variáveis, que tem sido “a alternativ­a mais disponível no financiame­nto da renovação e requalific­ação das infra-estruturas nacionais”. Alguns destes financiame­ntos são garantidos por carregamen­tos de petróleo, mas o documento do executivo liderado desde Setembro por João Lourenço deixa o alerta: “O sistema de linhas de crédito tem a vantagem de permitir um acesso mais alargado ao financiame­nto externo. Contudo, vive-se, actualment­e, uma situação de exaustão deste instrument­o, na medida em que os carregamen­tos de petróleo têm estado completame­nte comprometi­dos com o serviço da dívida de três países: China, Brasil e Israel”. Só a China já emprestou a Angola, desde 1983, conforme revelou esta semana o embaixador chinês em Luanda, mais de 60.000 milhões de dólares (50.000 milhões de euros), para obras de reconstruç­ão após a guerra, valores que por norma são liquidados pelo Estado angolano com carregamen­tos de petróleo. Outro dos focos na gestão macroeconó­mica prevê a compra antecipada de dívida pública angolana de curto prazo, recorrendo à emissão de dívida com maturidade­s mais longas, de forma a reduzir a actual trajectóri­a de endividame­nto público, informou, entretanto, fonte do Ministério das Finanças. O ministério liderado por Archer Mangueira refere-se em concreto ao facto de o PEM apontar a “necessidad­e de reverter a actual trajectóri­a da dívida pública”, para “reduzi-la para os níveis de referência estabeleci­dos na Lei-Quadro da Dívida Pública”.

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