Folha 8

RETRATO DO “DESGASTE CULTURAL”

Sendo-me pedida a opinião sobre a situação descrita em Editorial, aqui deixo a minha reflexão, baseada no legado de uma política de desprezo e banalizaçã­o prosseguid­a de há 40 anos a esta data, com especial agravação desde o ano de 2008, depois de Rosa Cr

- TEXTO DE ARLINDO SANTANA

Era virtual do “novo” Teatro Avenida

anúncio da demolição do Teatro Avenida na baixa de Luanda, onde várias gerações se iniciaram nas artes cénicas antes da independên­cia de Angola, data dos idos de 2008, segundo noticia difundida pela agência Lusa. Situado na baixa de Luanda, na Avenida Rainha Ginga, o edifício do velho Teatro chegou a ser a sede dos serviços de bombeiros de Luanda em 1968, para mais tarde vir a ser transforma­do no Teatro Avenida que sempre conhecemos e também tinha valência de sala de cinema. No seguimento deste anúncio, o director nacional da Arte e Acção Cultural de Angola desse tempo, Carlos Vieira Lopes, veio a público adiantar que a demoli- ção do Teatro Avenida não significav­a que a Cultura, nomeadamen­te o teatro e o cinema, iriam deixar de manter a sua presença no local e que, “no lugar do antigo teatro seria erguido um moderno edifício que integraria um novo espaço para teatro e cinema bem como outras funcionali­dades”. E, por trás dessas promessas, saiu-lhe da boca uma explicação fabricada na cozinha duma Cultura sui generis: a renovação e requalific­ação que nessa altura já estava em curso da baixa da capital angolana e, de facto, iria envolver “uma profunda transforma­ção da Baía de Luanda e ainda a parte da cidade mais próxima da marginal”, era a razão apontada para a demolição do Teatro Avenida”. Que sorte! O projecto previsto para o local visava «melhorar e modernizar, para melhor servir o público amante da Arte e da Cultura”. Em 2009 foi publicado na internet o projecto do edifício do novo Avenida. Estava lá tudo no papel, conforme foi prometido. Luanda teria naquele prédio de 21 andares um moderno teatro com capacidade para mais de 500 pessoas sentadas. Nos dias de hoje, passados quase 10 anos, há muito mais de 500 pessoas sentadas, mas não é como queriam e estava previsto, pois ainda estão é à espera de se poderem sentar no novo Teatro Avenida.

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