UM “BULLDOZER” CULTURAL
Entretanto, foram realizadas as eleições gerais de Setembro de 2008 e formado um novo governo, no seio do qual a historiadora Rosa Cruz e Silva (RCS) foi nomeada ministra da Cultura, revelando, por essa via, ser um dos mais agre nocivos “bulldozers” do então novo governo de Angola, segundo votação da esmagadora maioria dos agentes culturais respeitáveis do nosso país. A esta senhora, muito mais ministra da Cosa Nostra angolana do que da Cultura, os angolanos devem muito do que de absurdo foi feito em nome da Cultura angolana. No alarde do seu servilismo doentio ao chefe supremo, RCS manifestou-se várias e avariadas vezes de forma espectacular. Depois de algumas derrapagens naturalmente controladas de “lá-de-cima”, por JES, a novel ministra da Cultura pôs-se em evidência cerca de um ano depois de entrar em funções, ao enviar às urtigas e anular a decisão inapelável (só no papel) do júri do Prémio Nacional da Cultura de 2009, que tinha decidido outorgar o galardão de Literatura a Viriato da Cruz, impondo ao júri que escolha um outro ven- cedor para não ofender a memória do presidente Agostinho Neto; em seguida, caprichou ao ter decidido transformar por decreto “abracadabresco” o histórico Teatro Elinga, de Mena Abrantes, em parque de estacionamento para automóveis; em seguida, estupefactos ficaram os intelectuais da nossa praça ao vê-la e ao ouvi-la a dizer em público que a proliferação das seitas é terrivelmente nociva ao acervo cultural de Angola, aproveitando a ocasião para meter no cesto das seitas uma das três religiões do Livro Sagrado, o Islão…maka grande na sanzala dos polígamos! Não contente com tanta bojarda “acultural”, a senhora ministra prometeu que faria muito mais e cumpriu a promessa, cometendo ou autorizando que se cometa, sob a sua égide, mais um acto de exaltação “acultural”, ao dar azo a que seja perpetrada uma genuína bacorada, tal como foi divulgado pela imprensa, assim; «…mais uma matumbice e desvalorização da História do país por parte dos analfabetos de gravata que pretendem dirigir-nos: sabiam vocês que a Fortaleza de S. Miguel estava a competir para ser considerada pela UNESCO Património Mundial? A candidatura ficou sem efeito e adivinhem por quê? Porque “algum” rico de bolso e pobre de espírito conseguiu permissão para construir um restaurante ladjum (sic)». Felizmente, foi um supermercado, meus irmãos, no que toca à defesa da nossa Cultura, estamos garantidos! Nesta senda, com um legado deste gabarito, como podemos nós estar ainda ofuscados pelo facto de João Lourenço ter tantas dificuldades em se desembaraçar das “batatas quentes” que lhe puseram nas mãos?