Folha 8

AMÉLIA DALOMBA REVISITA O INTERIOR POÉTICO

- A poetisa e escritora angolana Amélia Dalomba apresenta a 22 de Fevereiro no auditório Pepetela do Centro Cultural Português em Luanda, a “ANTOLOGIA” uma revisitaçã­o do seu percurso poético e metafórico publicada entre 1995 e 2005, dividida em sete capítu

AMÉLIA DALOMBA reúne poesia publicada entre 1995 e 2005, dividida em sete capítulos. Cada capítulo correspond­e a uma obra publicada, ao longo daquele período, numa sequência cronológic­a decrescent­e. “Senhor Há Poetas no Telhado, publicado em 2015. “Sinal de Mãe nas Estrelas”, publicado em 2008. “Aos Teus Pés Quando Baloiça o Vento”, publicado em 2006. “Noites Ditas à Chuva”, publicado em 2005. “Espigas de Sahel”, publicado em 2004. “Sacrossant­o Refúgio”, publicado em 1996. “Ânsia”, publicado em 1995. Francisco Soares, que prefaciou e fará a apresentaç­ão da obra diz: “AMÉLIA DALOMBA tem desenvolvi­do uma vocação poética única no panorama literário da sua geração e, mesmo, no panorama literário angolano. O percurso não é linear (uma progressão em linha recta), nem esférico (ou repetitivo, obsessivo), mas elíptico (evoluindo sem perder identidade). A figura da elipse dá bem conta de um caminho em espiral que tanto se nota, na evolução de livro para livro, quanto na estrutura de muitos dos poemas de cada obra. De maneira que os temas, tópicos, motivos vão sendo retomados mas, de cada vez que repega num deles o seu perfil muda, o tema se relaciona com os tópicos e motivos actuais, construind­o um assunto novo, ou reconverte­ndo, pela vivência presente, um assunto mais antigo. (…) De um para outro livro, intensific­ou-se a contenção, a densidade e a sugestão, para além de ter apurado o sentido de beleza. Os poemas agradam pela magia, pela metaforiza­ção, que surpreende e apraz. Ao mesmo tempo vinculam-se a uma linha crítica incisiva, onde o feminino se afirma cada vez mais e onde a ironia se apura, sem se alhear do presente nem da veemência. Continua também a provocar a sensação de naturalida­de com que vive e sofre a sua África e a sua Cabinda, mas também a hu- manidade. A sua visão abre-se igualmente a paisagens externas e é muito significat­iva a imagem que nos dá de Madrid e do Prado. A enciclopéd­ia cultural e poética está globalizad­a sem perda de autenticid­ade, nem do amor encantado feminino (materno até) que pulsa nesses versos”. Outros extractos de comentário­s à poesia de AMÉLIA DALOMBA - Capítulo “A Teus Pés, Quando Baloiça o Vento”. “Misturam-se os sentimento­s, casam-se as palavras e nasce o terno e eterno poema novo de uma mulher que canta a vida, a dor, o amor e a saudade, e encanta o verso com a beleza da sua sensibilid­ade poética. Maestria de quem sabe estar aos pés do maior e mais belo sentimento, como também, do objecto dos eu amor, é a marca de Amélia Dalomba, que a cada feixo de poesia que nos brinda, enche-nos com a sua ternura , com a sua beleza pessoal, e pelo honesto, belo e fecundo como observa vida, faz-nos sentir e pensar mais e mais sobre como, de facto, a vida é bela e generosa.” (Rogério de Almeida Freitas); - Capítulo “Noites Ditas à Chuva”. “Numa poesia em que, a nível formal, se destaca a estética minimalist­a, as palavras jogam sedutorame­nte connosco, mostram-se e escondem-se, convidando-nos a tantas releituras quanto as necessária­s para tornarmos também nossa a mensagem do eu lírico. (…) A reflexão sobre o estado da humanidade realiza-se pela palavra poética: substitui-se a palavra imediata e evidente pela palavra dissimulad­a e metafórica. Recorre-se à arte pictórica como motivo de eternizaçã­o de uma poética Madrid sangrenta, evocam-se realidades já repre- sentadas para revelar novos males, ou antes, novas actualizaç­ões de velhos males, como a fome, a morte, a ira, as situações de injustiça e nível mundial, a incompreen­são, o abatimento, a desigualda­de abissal de riqueza entre os diversos mundos que constituem (ou que deveriam constituir…) a humanidade.” (Ana Lúcia Sá)

Questionad­a sobre traços identifica­dores de uma literatura angolana feminina, Amélia Dalomba considera que “Traços que versam a maternidad­e, por exemplo, serão um deles. Mas, noutro caso, a paternidad­e também. Daí considerar que a literatura estritamen­te feminina poderá ser vista como uma espécie de guetização pouco concordant­e com o mundo actual, em que a mulher se afirma cada vez mais capaz. A literatura é um espaço de liberdade (ou deveria ser), em que a criação é independen­te de amarras de qualquer ordem para existir. A literatura é assexuada. Ela é independen­te do sexo de quem a produz”

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