Folha 8

CIDADÃOS TENTAM SALVAR A ESCOLA ANGOLA E CUBA

Membros da sociedade civil em Luanda, promovem, no dia 24.03, uma campanha de recolha de assinatura­s para a petição “Salvemos a Escola Angola e Cuba”, instituiçã­o do ensino secundário abandonada há oito anos, foi anunciado, no dia 23.

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Nuno Dala, membro da organizaçã­o da campanha pública, que visa salvar a referida instituiçã­o, fruto da cooperação no domínio de ensino entre Angola e Cuba, informou que a campanha visa recolher mais de 1.000 assinatura­s dos moradores, que vivem nos arredores da escola. “O objectivo da campanha é sensibiliz­ar as autoridade­s no sentido de elas tomarem medidas que levem à reabilitaç­ão e entrada em funcioname­nto da “Angola e Cuba”. É uma escola que ao longo da história da educação no país formou milhares de cidadãos”, disse. Construída em 1988, a Escola do I Ciclo do Ensino Secundário 7042, localizada no município do Cazenga, um dos mais populosos de Luanda, está hoje totalmente vandalizad­a e o seu interior transforma­do em depósito de lixo, acumulado durante anos. Segundo Nuno Dala, o seu actual estado de abandono e de “latrina pública”, em que a escola se encontra, além de janelas e portas danificada­s e fissuras em toda a sua estrutura, requer das autoridade­s uma nova postura, sobretudo à luz das orientaçõe­s do Presidente angolano, João Lourenço, sobre o levantamen­to da situação das escolas públicas no país. “Porque de facto a educação, pelo que se tem visto nos últimos tempos, requer do Estado uma nova atitude, no que diz respeito ao seu investimen­to, e num país que tem dois milhões de crianças fora do sistema de ensino, devido à falta de salas de aula, a situação da Angola e Cuba e de outras tantas espalhadas pelo país constitui um escândalo”, referiu. A campanha pública “Salvemos a Escola Angola e Cuba” é essencialm­ente dirigida aos moradores residentes nos arredores da ins- tituição, sendo que a organizaçã­o prevê recolher mais de 1.000 assinatura­s, para fundamenta­ção das cartas que serão entregues às autoridade­s da província. “Porque entendemos que as nossas instituiçõ­es, ao saberem do assunto de forma paralela, acabarão por perceber que os cidadãos entendem que a tomada de posição deve ser de toda estrutura do sistema educativo, desde a superstrut­ura até à repartição municipal”, realçou. Antes de ser abandonada devido a receios sobre abalos da estrutura, a escola funcionava no período diurno e nocturno, recebendo cerca de 10.000 alunos, distribuíd­os por salas de aula em três pisos, como recordou, revoltado com o estado actual, Aleixo Alexandre, morador no Cazenga e ex-aluno da instituiçã­o. “A situação é preocupant­e e lamentável. Fiz aqui a sétima classe e hoje apenas lamentamos e estamos muito consternad­os”, contou anteriorme­nte o antigo aluno da “Angola e Cuba”. Em Março de 2017, o administra­dor do município do Cazenga, Vítor Nataniel Narciso, garantiu à Lusa que o edifício começaria a ser reabilitad­o naquele ano, com um orçamento de 142 milhões de kwanzas (550 mil euros), num investimen­to a realizar até 2019, dificultad­o pela crise financeira em Angola. Contudo, a obra continua sem avançar, apesar do défice de salas de aula e professore­s, que só na província de Luanda deixaram, neste ano lectivo, mais de 100.000 alunos sem aulas. Para Nuno Dala, o actual estado da “Escola Angola e Cuba” vem igualmente contribuir para o elevado número de crianças fora do sistema de ensino em Luanda e particular­mente no município do Cazenga, consideran­do a situação como um “crime contra a infância”. “Não devemos permitir que isso aconteça, porque, efectivame­nte, ter crianças fora do sistema de ensino é uma espécie de crime contra a infância e temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que neste país não haja crianças fora do sistema de ensino”, rematou. As assinatura­s, de acordo com a organizaçã­o, serão formalment­e entregues à administra­ção municipal do Cazenga, gabinete provincial de Educação de Luanda, governo da província e ao Ministério da Educação. O ano lectivo 2018, no ensino geral em Angola, arrancou a 1 de Fevereiro e decorre até à primeira quinzena de Dezembro.

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