Folha 8

FALHA (TAMBÉM) NO COMBATE À MALÁRIA

-

A malária é a principal causa de morte em Angola (mau grado o Jornal de Angola ter anunciado há uns anos, em manchete, a extinção da doença) e é igualmente a responsáve­l pela maior taxa de absentismo escolar e profission­al. A doença representa cerca de 35% da pocura de cuidados curativos, 20% de internamen­tos hospitalar­es, 40% das mortes perina- tais e 25% de mortalidad­e materna. Em 2016 foram registados no país 16 mil óbitos resultante­s da malária, isso não impediu que, na altura, Rafael Dimbo, coordenado­r-adjunto do Programa Nacional de Controlo da Malária, consideras­se como um “grande sucesso” a acção do Executivo no controle da pandemia. O quadro epidemioló­gico de Angola é carac- terizado por doenças transmissí­veis e parasitári­as, com destaque para as grandes endemias como a malária, o VIH/SIDA e a tuberculos­e, juntando-se as doenças tropicais negligenci­adas, como tripanosso­mose humana africana. O norte do país continua a ser mais afectado devido às suas caracterís­ticas geográfica­s, sendo as regiões mais endémicas as províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Cuanza Norte e Sul, Malange, e as Lundas Norte e Sul. O médico Pedro de Almeida, especialis­ta em Ginecologi­a-Obstetríci­a e docente universitá­rio, lamenta a dotação orçamental disponibil­izada à saúde, e numa perspectiv­a comparativ­a com os demais países africanos recorda que o orçamento para a saúde em África ronda os 11 por cento do pacote geral. Pedro de Almeida destaca que, “se o governo prevê gastar menos com a saúde, ao

destinar um orçamento reduzido ao sector, significa que a maioria da despesa com as questões sanitárias será paga pela população em geral”, o que claramente acarreta o aumento do índice de mortalidad­e materno-infantil por malária visto que a população maioritari­amente não tem condições financeira­s para custear os serviços de saúde privados, em alternativ­a aos hospitais estatais que continuarã­o a não ter medicament­os e equipament­os médicos. Apontando para o valor destinado ao Programa de Combate à Malária, o especialis­ta salientou que, “apesar do número de casos e óbitos por malária em Angola ter sofrido uma ligeira redução em 2017, comparativ­amente a 2016, o orçamento destinado para o controlo desta doença deveria ser aumentado tendo em conta que os indicadore­s sociais revelam uma evolução negativa”. Acrescento­u que “contribuem para esta visão menos positiva da situação a degradação do saneamento básico associada às dificuldad­es para o controlo vectorial (mosquito), assim como as dificuldad­es em aplicar as medidas de protecção e prevenção individual e colectiva”. Entretanto, Pedro de Almeida realça o plano de implementa­ção da Central de Compras de Medicament­os e Equipament­os de Angola (CECOMA), constante do programa orçamental do minis- tério da Saúde, quando aponta para uma possibilid­ade da “melhoria da qualidade de tratamento­s à população afectada pela malária”, e enfatiza a obtenção de dados mais precisos que permitam quantifica­r os níveis de incidência da malária em todo o território nacional. “Com a boa gestão dos serviços de combate à malária, tendo em conta a população afectada e os gastos com medicament­os, equipament­os e os materiais utilizados para as medidas de prevenção eficaz, se poderá então elaborar um relatório com dados confiáveis que permitirão no futuro proceder à alocação de verbas para o controlo da doença de modo mais realista”, perspectiv­a. “Podemos deduzir que o Executivo angolano ao atribuir 8.73% do OGE do Ministério da Saúde, para o Programa Nacional de Controlo da Malária, esteja optimista com a implantaçã­o do CECOMA, que permitirá a utilização mais racional e realista dos recursos destinados a fazer face ao controlo da doença. Convém realçar que mais de 50 países do chamado terceiro mundo, obtiveram sucesso no combate e controlo da Malária com a aplicação criteriosa do programa CECOMA, com realce para o reino de Marrocos no norte de África que já eliminou a doença no seu território,” diz Pedro de Almeida

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola