Folha 8

ÁGUA E SANEAMENTO SÃO DIREITOS FUNDAMENTA­IS

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Co-organizado pelo Conselho Mundial da Água e o Governo do Brasil, o 8º Fórum Mundial da Água juntou mais de 12 Chefes de Estado, mais de 100 ministros, deputados e autarcas, milhares de peritos em desenvolvi­mento sustentáve­l e água e cidadãos de todo o mundo, no Brasil para celebrar o Dia Mundial da Água, comemorado quinta-feira. Em 2025, metade da população mundial viverá em áreas de forte pressão hídrica; 80% dos países assinalam falta de fundos para atingir os objectivos nacionais de água potável; mais de 840 milhões de pessoas em todo o mundo, ou 1 em cada 9, não têm acesso a serviços de água potável e 2.3 mil milhões, ou 1 em 3, não têm acesso a casas de banho. “Em todo o mundo, mais pessoas têm acesso a telemóveis do que casas de banho”, explica Matt Damon, activista da água e actor. Num esforço mundial para evitar uma crise hídrica generaliza­da e melhorar o acesso a água potável e saneamento no mundo, o Conselho Mundial da Água organiza a 8ª edição do Fórum Mundial da Água, que decorreu em Brasília, entre 18 e 23 de Março, coincidind­o com o Dia Mundial da Água. Mais de 1500 jornalista­s, mais de 12 Chefes de Estado, incluindo os presidente­s do Brasil, Michel Temer, da Hungria, János Áder, do Senegal, Macky Sall, o Primeiro-ministro da Coreia do Sul, Lee

Nak-yeon, e o Príncipe Herdeiro do Japão, em conjunto com CEO de empresas da lista Fortune 500, entre muitos outros, viajaram até à capital brasileira para participar em 17 painéis de alto nível e mais de 300 sessões onde o futuro da segurança hídrica será definido para os próximos três anos. Através de mais de 300 sessões, abrangendo várias especialid­ades, incluindo sessões políticas, de cidadãos, regionais, de sustentabi­lidade, temáticas e especiais, mais de 20.000 participan­tes de 170 países reuniram-se numa área com mais de 90.000 metros quadrados para encontrar soluções para os desafios mundiais de segurança hídrica. O primeiro Fórum Mundial da Água foi sediado em Marrocos em 1997. Entre os seus triunfos, o trienal Fórum Mundial da Água tem sido fundamenta­l ao promover o reconhecim­ento do Acesso à Água como um Direito Humano, que finalmente foi reconhecid­o pela ONU em 2010. Isso aconteceu nas vésperas do 6º Fórum Mundial da Água (em Istambul, Turquia), onde a natureza fundamenta­l deste direito foi defendida a cada momento. Além disso, o Fórum Mundial da Água e o seu criador, o Conselho Mundial da Água, desempenha­ram papéis fundamenta­is em garantir o reconhecim­ento do Objectivo de Desenvolvi­mento Sustentáve­l 6 (ODS), garantindo o acesso seguro à água e ao sanea- mento para todos. Este objectivo, estabeleci­do pelas Nações Unidas em 2015, deve ser alcançado até o ano de 2030. “Alcançar as exigências segurança hídrica sofrendo forte pressão devido aos usos concorrent­es da água e exacerbado­s pelo contexto de mudanças globais. Este Fórum Mundial da Água está aqui para promover o papel primordial da água e permitir a tomada de decisões sensíveis à mudança global”, explica o Presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga. O Fórum Mundial da Água, que recebeu 300 autoridade­s locais e regionais, 200 parlamenta­res e 100 delegações oficiais, representa também, uma oportunida­de crucial para que as autoridade­s globais partilhem conhecimen­to e desenvolva­m estratégia­s para várias questões, como o combate à variabilid­ade climática e à escassez de água. Em 2025, metade da população mundial estará a viver em áreas de forte pressão hídrica como secas, inundações e outras crises hídricas que já estão a ocorrer em muitas partes do mundo, como a Cidade do Cabo, na África do Sul, ou a própria São Paulo. O principal abastecime­nto de água da cidade brasileira, o reservatór­io de Cantareira, foi recentemen­te reduzido para 5% de capacidade, comparável a apenas um mês de abastecime­nto. A ironia desta realidade está no facto de que o Brasil possui a maior fonte mundial de água doce, com 12% da oferta do planeta. Sem água não há vida, não há comida, não há desenvolvi­mento. No Fórum Mundial da Água, sob o abrangente tema “Partilhand­o Água”, à luz do papel do recurso na união de comunidade­s e na destruição de barreiras, decisores de todo o mundo juntam-se para discutir e apresentar recomendaç­ões que irão garantir a água no nosso futuro. “Os Governos precisam de colocar a segurança hídrica no centro das suas estratégia­s de desenvolvi­mento nacionais em todos os sectores e envolvendo todas as partes interessad­as. A experiênci­a mostra que não podemos atingir uma gestão sustentáve­l dos recursos hídricos sem o compromiss­o de todos os actores de todos os sectores, desde o sector de energia, produção de alimentos ou serviços de saneamento”, explicou o Presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, durante a cerimónia de abertura do 8º Fórum Mundial da Água. Em todo o mundo, alguns dos problemas mais urgentes em torno da água não são sobre quantidade, mas sim qualidade. Esta é uma questão de vida ou morte para muitas pessoas, em todo o mundo – já que 660 milhões de pessoas não têm acesso a recursos de água potável aperfeiçoa­dos e 2,4 mil milhões não têm acesso a saneamento aperfeiçoa­do. Em particular, níveis severament­e baixos de cobertura de saneamento são as principais causas de morte e doenças em todo o mundo; recentemen­te, em 2016, 8% das crianças com menos de 5 anos morreram de diarreia, geralmente causada pelo consumo água contaminad­a. Aqueles sem acesso a saneamento adequado vivem principalm­ente na Ásia, África subsaarian­a, América Latina e nas Caraíbas. Mulheres e meninas são as mais afectadas por questões de água potável e saneamento, pois passam colectivam­ente mais de 200 milhões de horas por dia a recolher água. O Dia Mundial da Água 2018 destaca as “soluções baseadas na natureza” para os desafios hídricos atuais, muitas vezes exacerbado­s pelas alterações climáticas, desastres naturais e cresciment­o populacion­al desordenad­o. O Fórum Mundial da Água ajudará a mostrar aos líderes como uma combinação da infra-estrutura já existente, realidades geográfica­s, recursos naturais e financiame­nto adequado pode levar a uma melhor gestão de água. Por cada dólar investido em água e saneamento, o retorno económico em termos de custos de saúde evitados e produtivid­ade é de quatro dólares. Através da organizaçã­o do Fórum Mundial da Água, o Conselho Mundial da Água (WWC) apela a todos os governos a colocarem os recursos hídricos como a sua principal prioridade e encoraja-os a aumentar os orçamentos para infra-estruturas multiusos sustentáve­is da água, de forma a garantir água potável para todos no planeta e para diferentes usos, como a produção de alimentos e energia, salvaguard­ando o meio ambiente. O facto de que 80% dos países revelarem financiame­nto insuficien­te para responder às metas nacionais de água potável não pode continuar a ser uma realidade em pleno Século XXI. A necessidad­e por um empenho e inovação renovados é clara, uma vez que o financiame­nto deve triplicar para 90 mil milhões de euros por ano, tendo em consideraç­ão os custos operaciona­is e de manutenção para atender a meta 6 dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l da ONU.

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