Folha 8

A TESE DEFENDIDA EM 3 DE JANEIRO

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Na entrevista, o ministro das Finanças (que transitou do governo anterior de José Eduardo dos Santos) disse que o país tem “carregado um fardo pesado

O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, admitiu no dia 3 de Janeiro estar a estudar o fim da indexação do kwanza ao dólar, mas acompanhan­do de perto a variação da moeda para garantir que não vai flutuar de forma descontrol­ada. “Vamos olhar atentament­e para a grande diferença entre a taxa de câmbio oficial e a paralela, e considerar deixar que a moeda flutue, mas isso será feito com um olhar atento para garantir que o kwanza não fique descontrol­ado”, anunciou Archer Mangueira em entrevista publicada nesse dia pelo The Banker, uma revista do grupo do jornal Financial Times. Na entrevista, o ministro das Finanças (que transitou do governo anterior de José Eduardo dos Santos) disse que o país tem “carregado um fardo pesado por ter mantido uma taxa fixa face ao dólar desde Abril de 2016”, o que originou um enorme desfasamen­to entre a taxa oficial, de 166 kwanzas por dólar, e os cerca de 430 kwanzas por dólar nas transacçõe­s feitas no mercado paralelo. Para além da flutuação do kwanza, o ministro disse também à revista The Banker que um dos objectivos para este ano é “acelerar a mobilizaçã­o das receitas”, o que envolve, entre outras medidas, “expandir a base de taxação de forma a que não aumente o fardo para os actuais contribuin­tes”, optando por direcciona­r os esforços para “alguns sectores subtaxados, que incluem as tarifas e as importaçõe­s e novas formas de impostos sobre a propriedad­e”. Do lado da despesa, Archer Mangueira salientou o “fim progressiv­o dos subsídios, incluindo os generosos subsídios na água e energia, o que deverá gerar uma margem orçamental adicional”. Assim, o défice deverá melhorar de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 para 3,2% este ano, ajudado também pela adopção de medidas “para garantir que há um processo de licitação transparen­te nas obras públicas, usando um mecanismo electrónic­o para a provisão de bens e serviços para o Governo”. De acordo com dados divulgados pela agência de informação financeira Bloomberg, as reservas de Angola em moeda estrangeir­a diminuíram de 15,4 mil milhões em Outubro para 14,2 mil milhões de dólares em Novembro, o que representa uma queda superior a 25% face aos mais de 20 mil milhões no início de 2017. Numa reunião do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, foi aprovado um Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica para o ano de 2018, um documento que, segundo a Presidênci­a, “visa, a partir do imediato e de forma efectiva, dar início a um processo de ajuste macroeconó­mico, do ponto de vista fiscal e cambial, que permita o alinhament­o da nossa economia a um ambiente referencia­do como novo normal”.

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