TELEMETRIA DO MPLA/GOVERNO
O secretário de Estado para as Tecnologias de Informação perdeu igualmente a “telemetria” do MPLA/GOVERno, esquecendo-se que não estava a, supostamente, desmentir a KCNA (Korean Central News Agency) mas sim a France Presse. Ora, segundo o governante angolano, o que “aconteceu é que de facto o lançamento do satélite ocorreu. O satélite fez o seu percurso normal, está na órbita para o qual foi planificado” e “temos sob controlo o satélite”, disse Manuel Homem, citado pela agência noticiosa angolana Angop, infelizmente ainda uma versão (apesar de tudo de melhor qualidade) da KCNA. Manuel Homem remeteu para mais tarde mais informações oficiais sobre o estado do aparelho. Como? Estado do satélite? Então se está tudo normal e como previsto, o que haveria a dizer sobre o estado do Angosat-1? Angola tornou-se assim no sétimo país africano, ao lado da Argélia, África do Sul, Egipto, Marrocos, Nigéria e Tunísia, com um satélite de comunicações em órbita. No dia 10 de Junho de 2017, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação de Angola, José Carvalho da Rocha, desafiou os operadores nacionais e estrangeiros a apostarem nos serviços do Angosat-1, primeiro satélite angolano, assinalando que “o projecto é uma realidade”. Todo o país aplaudiu. O satélite não enche a barriga dos 20 milhões de pobres, mas vai encher algumas… O desafio foi lançado pelo governante durante a cerimónia de lançamento oficial da Campanha de Comercialização do Angosat-1. “Desta tribuna faço um apelo aos nossos operadores para que acreditem de facto no Angosat. Hoje o Angosat já é uma realidade. Acreditem nisso”, assegurou. De acordo com o governante angolano, o Angosat-1 representa mais uma etapa de transferências de tecnologia e conhecimentos e de levar comunicações a todas as regiões do país. As valências do Angosat-1 foram igualmente assinaladas por José Carvalho da Rocha, argumentando que o mesmo terá uma capacidade de 22 ‘ transponders’ [dispositivo de comunicação electrónico] e até cerca de 15.000 antenas para a necessidade do retorno ao investimento realizado. Na cerimónia foram assinados dois contratos de reserva de capacidades entre a Infrasat Telecomunicações, empresa angolana gestora do Angosat-1, e a Televisão Pública de Angola e a Renatelsat, da Rdcongo. O director executivo da Infrasat, Diogo de Carvalho, precisou que o acto assinalava a abertura da campanha de comercialização das capacidades do Angosat-1. Dados avançados na cerimónia apontavam que 47 engenheiros angolanos vão controlar as operações do Angosat-1, tendo já sido efectuados um total de 264 testes de funcionalidade do aparelho, designadamente na componente dos sistemas e subsistema. Alguns diplomas legais que vão dar suporte à utilização do Angosat-1 foram igualmente já elaborados, anunciou ainda o director do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, Zolana João. Ao que tudo indica, com o Angosat, o nosso país deixará de ter 68% da população afectada pela pobreza, ou a mais alta taxa de mortalidade infantil no mundo. É isso, não é? Será também graças ao satélite que não mais se dirá que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade, ou que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos. Do mesmo modo, com o Angosat não mais se afirmará que a taxa de analfabetos é bastante elevada, especialmente entre as mulheres, uma situação agravada pelo grande número de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino. Ou que 45% das crianças sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.