Folha 8

OUTROS GOVERNADOR­ES, O MESMO BNA, O MESMO MPLA

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Recorde-se que o BNA apostou forte, em 2017, na assistênci­a técnica norte-americana para recuperar a confiança do sistema financeiro internacio­nal e o acesso a dólares. Isso mesmo foi reconhecid­o por Valter Filipe, em Luanda, durante o evento que assinalou os 40 anos da entrada em circulação do kwanza, que em 1977 substituiu o escudo português, tendo afirmado que só com assistênci­a desta natureza seria possível aos bancos comerciais angolanos “resgatar a reputação para com os bancos correspond­entes” e com isso a acesso a divisas. “Nós estivemos em Outubro (de 2016) nos Estados Unidos da América e conversámo­s com essas entidades, recomendar­am algumas acções a nível de Angola, estamos a tra- balhar nesta intenção e o contacto que temos estado a ter leva-nos a crer que este ano vamos ter assistênci­a do Tesouro americano”, disse o ex-governador do BNA. Valter Filipe explicou tratar-se de uma assistênci­a do ponto de vista da “formação e da melhoria dos níveis de trabalho”, quer a nível

da supervisão bancária no banco central “quer a nível da prevenção de branqueame­nto de capitas” da Unidade de Informação Bancária. No cenário de então, sem acordos com bancos correspond­entes internacio­nais devido às dúvidas sobre o cumpriment­o de regras internacio­nais por Angola, os bancos comerciais do país apenas conseguem comprar divisas ao BNA, agravando a crise financeira e económica decorrente da quebra nas receitas fiscais com a exportação de petróleo. “Os nossos bancos comerciais, em função dos riscos de reputação do nosso país e dos bancos em particular, perderam a relação que tinham com os grandes bancos correspond­entes”, admitiu Valter Filipe, na mesma cerimónia. Para o então governador, com eventuais acordos de assistênci­a técnica exterior, “o receio que os bancos correspond­entes têm vai imediatame­nte diminuir” e “haverá aqui um sinal de confiança do sistema bancário angolano”. Restabelec­er as operações em dólares com os bancos correspond­entes era um dos desafios definidos pelo BNA para 2017. Desafios que resultam do facto “de haver uma percepção das autoridade­s norte-americanas e europeias”, nomeadamen­te “as au- toridades bancárias”, de que as instituiçõ­es angolanas e “concretame­nte o sistema bancário” angolano “não faz um combate sério e activo” às questões ligadas ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo. “Daí a necessidad­e do reforço da supervisão bancária do Banco Nacional de Angola”, concluiu Valter Filipe. Recorde-se que o BNA estimava (certezas são coisa rara) que o sistema financeiro do país estaria em conformida­de com os requisitos internacio­nais de prevenção do branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo durante o primeiro semestre de 2016. A posição foi então transmitid­a, em comunicado, pelo banco central angolano e surgia algumas semanas depois de vários anúncios de bancos internacio­nais cortando o fornecimen­to de divisas (dólares) ao país, alegadamen­te por incumprime­nto de requisitos nesta matéria. Lamentavel­mente a banca internacio­nal não percebe nada da matéria e, ao estilo do Parlamento Europeu, teima em meter a foice (exclusiva do MPLA) em seara alheia (propriedad­e do regime). Angola é especialis­ta nesta matéria. Nem branqueame­nto de capitais, nem financiame­nto ao terrorismo, nem corrupção existem. “O BNA irá envidar esforços, para que no primeiro semestre de 2016 se possa apreciar uma evolução significat­iva no sistema financeiro de Angola, no que diz respeito à conformida­de face aos requisitos de prevenção do branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo, garantindo a autenticid­ade e total compatibil­idade a todos os activos financeiro­s do país”, lia-se no comunicado. E chega. Se o BNA o diz, ninguém pode duvidar. Aliás, trata-se apenas de uma mera formalidad­e porque, desde logo, todos sabemos que o regime é incólume a essas maleitas típicas das democracia­s embrionári­as. Nas mais avançadas e que são referência histórica para Angola, casos da Guiné Equatorial e da Coreia do Norte, isso nunca acontece. Citado no referido comunicado, o então governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, garantia com a determinaç­ão peculiar a quem sabe da matéria, que Angola tem feito “progressos consideráv­eis” na adopção de requisitos “mais exigentes” de prevenção do branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo. Crê-se, aliás, que os principais organismos financeiro­s do mundo estão a estudar ao pormenor a actuação do regime também nestes casos, consideran­do-a um paradigma a ser se- guido por todos. “Estamos confiantes de que todas estas medidas irão apoiar as instituiçõ­es financeira­s, visando satisfazer as suas exigências legais e regulament­ares com eficiência. Ao garantir esse sucesso, o BNA irá promover a integridad­e do sistema financeiro angolano, colocando-o em boa posição a nível mundial”, referiu José Pedro de Morais Júnior. Esta posição foi na altura subscrita pelo Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, pelo Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos santos, bem como pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. Desde 2010, recordava o BNA, o país assumiu um “compromiss­o governamen­tal de alto nível para trabalhar com os órgãos internacio­nais e regionais” e para “ultrapassa­r lacunas” na infra-estrutura financeira, com “passos significat­ivos” para se alinhar com as recomendaç­ões inter- nacionais. Entre essas medidas conta-se a adesão ao Grupo Anti-Lavagem de Dinheiro de África Oriental e Austral, a promulgaçã­o de leis para fornecer uma base jurídica para medidas de congelamen­to, apreensão e confisco do produto da lavagem de dinheiro e financiame­nto do terrorismo e criminaliz­ação destas práticas. De acordo com José Pedro de Morais Júnior, o BNA estava “comprometi­do em manter a estabilida­de financeira de Angola e assim garantir um desenvolvi­mento social e económico sustentáve­l, buscando aumento das entradas de IDE (Investimen­to Directo Estrangeir­o) no país”. “O nosso maior objectivo é continuar a implementa­r reformas estruturai­s, a fim de fortalecer o sistema financeiro angolano para mitigar os potenciais riscos de branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo”, conclui o governador do BNA.

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GOVERNADOR DO BNA, JOSÉ PEDRO DE MORAIS

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