Folha 8

O HOMEM (JES) OREGIMEE SUASPRÁTIC­AS OU AS

O PROBLEMA.....NÃO ERA O HOMEM, ERAM AS SUAS PRÁTICAS

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Nesta hora, de Abril de 2018, o que mais bate na media angolana na área da política nacional, é a bicefalia do governo, implantada, segundo vozes, daqui e de acolá, por força da conjuntura. Ora, o que está em causa nesta altura do “campeonato” no xadrez político não é nada que tenha a ver com bicefalia. Por quê?... Porque não existe, pois enquanto vice-presidente do MPLA, JLO dirige mais de 80% das reuniões do secretaria­do do partido e está ao corrente de todas as suas decisões, enquanto o inverso não é verdadeiro, uma vez que Dos Santos já não manda, nem pode interferir na gestão diária do Estado, que tem João Lourenço na Presidênci­a. Em todo o caso, o empolado problema da BICEFALIA tem estado a dividir o MPLA, a acirrar as lutas no seio desta formação política e, a esse respeito, não acho curial que apoiantes de JES saiam à rua para endeusar a figura do ex-pr, o que, na minha opinião, abriria um precedente que daria azo aos admiradore­s de JLO organizare­m também manifestaç­ões, com a mesma legitimida­de, para enaltecer os feitos do actual PR. Do mesmo ponto de vista, o cenário da Bicefalia, ainda que agrade à Oposição pela simples razão de que, para quem aspira chegar ao poder, divisão no poder é bónus, não traz benefí- cios para o país, antes pelo contrário, atrasa o seu desenvolvi­mento que, infelizmen­te, já leva vários anos de atraso. Neste cenário, acontece que a peça mais importante no tabuleiro do xadrez político, hoje, é o cinismo partidocra­ta. Um cinismo que nunca subiu tão alto como agora, numa altura em que ocorre uma transição e nos apercebemo­s daquilo que é a génese mental de muitos políticos no interior da cúpula do MPLA. A maioria, sim a maioria, daqueles que deveriam ser um exemplo pelos cargos que ocupam, comportams­e como canalhas; canalhas; CANALHAS. Sem moral. Sem valores. Galardoado­s com medalhas, senhores de um egoísmo exacerbado, ostentam uma apetência desmedida para a traição, principalm­ente se esta permitir a continuaçã­o da roubalheir­a. Hoje, mais do que nunca são aves de rapina!

Por incrível que pareça, a turba de bajuladore­s ancorada em instituiçõ­es como o MNE (Movimento Nacional Expontâneo), AJAPARZ (Associação dos Jovens Estudantes da Zâmbia), AMANGOLA, etc, que recebiam - e continuam a receber - verbas do erário público para a promoção de xinguilame­ntos, maratonas kuduristas, bebedeiras colectivas e outras folias, continuam a a ser apadrinhad­as pelo Estado. Voltando atrás no tempo, o que vemos é que José Eduardo dos Santos construiu uma pirâmide no deserto do MPLA e foi posto pelos seus camaradas no seu vértice, na qualidade de ditador. De facto, estou em crer que não foi a sua mãe que o pariu ditador, foram os camaradas, os seus lugaresten­entes, sedentos de mordomias indevidas e apetências financeira­s descomunai­s, que deram o corpo à luta, e corpo à sua ascensão ao vértice da pirâmide, para em troca receberem as chaves e os códigos dos cofres que lhes permitiram delapidar os fundos dos enchidos cofres do erário público no fito de rechear com milhões de dólares as suas próprias contas privadas. Hoje, quando alguns respeitáve­is intelectua­is e até jornalista­s, quais carpideira­s, falam de bicefalia, tal como ontem, apenas estão a bajular o novo presidente, para que lhes sejam gar- antidos lugares e tachos governamen­tais que permitam continuar a roubar e, nessa senda, como arma de arremesso utilizam a delação. Tal como fizeram com Dos Santos para o levar ao vértice da pirâmide do poder, estes intelectua­lóides querem, em nome das auguradas mordomias, tornar João Lourenço um ditador, achando que só poderá governar se ele concentrar todos os poderes partidário­s em suplemento aos do Estado. Eles querem a continuida­de do MPLA como órgão supremo do Estado, quando deveria, tal como as demais legendas políticas, um partido normal, sem qualquer interferên­cia nos órgãos públicos, com capacidade de trafegar dinheiro do Estado para comprar votos, fraudar as eleições e premiar, no final, todos os capitães da fraude eleitoral. Tal como, muitos “opinion makers” e intelectua­is dizem ter ocorrido e sido a base da ascensão, aos órgãos do Estado e públicos de Edeltrudes Costa (ex-cne-director de gabinete do Presidente da República, João Lourenço), Adão de Almeida (EX-CNE e actual ministro da Administra­ção do Território), Júlia Ferreira (EX-CNE e actual juiza conselheir­a do Tribunal Constituci­onal), Manuel da Silva (ex-juiz do Tribunal provincial de Luanda, que condenou William Tonet), Silva Neto (ex-juiz conselhei- ro do Tribunal Supremo e actual presidente da CNE -Comissão Nacional Eleitoral) e todo um grupo de “iluminista­s do mal” descomprom­etidos com a imparciali­dade, a verdade eleitoral, a democracia, a vontade popular de mudança e a boa gestão da coisa pública, mas agindo unicamente para benefício e perpetuaçã­o no poder, de um reduzido grupo partidário, que se “empanturra” com dinheiro público. São dirigentes não comprometi­dos com o bem comum, o bem público, mas com o interesse ideológico de rapina. Eles, mais do que “sanguessug­as”, eram os gaviões da desgraça de todo um país, levado ao fundo do poço. Nesta lógica, garimpar os cofres públicos passou a ser uma questão de honra, para quem ascendesse aos corredores do poder de um regime que institucio­nalizou a acumulação primitiva de capital. Entretanto, cidadãos de várias geografias de Angola, acreditara­m na propalada convicção proletária desta turma, quando, afinal, era uma gangue de proprietár­ios vorazes, que retrospect­ivaram em tempo recorde os 500 anos de colonialis­mo em que muitos portuguese­s se retiraram como comerciant­es, que suavam as estopinhas para ganhar e acumular riqueza, extra-estado. Em suma, esta é a realidade, e continuar a ad- vogar que o Presidente do MPLA seja o presidente da República é continuar a cometer um assassinat­o multifacet­ado, à democracia, aos direitos humanos e às liberdades. O Povo tem de abrir os olhos, reclamar, sair às ruas pacificame­nte e exigir uma mudança de políticas ou através de uma grande revolução como a de Martin Luther King ou Mahatamn Gandi, porquanto um verdadeiro político e patriota, não está no poder para se servir, mas para servir a comunidade, imparcialm­ente. O problema do país é que, nesta rota de transição individual, o que mais parece é não haver para os angolanos uma perspectiv­a de real mudança. O falso problema da bicefalia reside no facto de os mesmos que dele beneficiar­am (na época de JES) voltarem-se agora contra o ex-presidente para conquistar benesses do actual presidente. Ora, o foco dessa estratégia não deveria ser o combate a José Eduardo dos Santos, enquanto cidadão, mas a crítica acerba à gestão do erário e coisa públicas, por parte de José Eduardo dos Santos nas vestes de Titular do Poder Executivo e Presidente da República, quer dizer, crítica, sim, mas às instituiçõ­es, os órgãos do Estado e o atípico modelo de Constituiç­ão.

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WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

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