Folha 8

O PAPEL DA EM TEMPOS MODERNOS

- ANTÓNIO VIEGAS BEXIGAS

Imbuído do espírito de irmandade e fraternida­de entre os povos, fruto da conjuntura da época, foi criado à 25 de Maio de 1963 em Addis Abeba-etiópia, através de uma assinatura constituti­va ratificada por cerca de 32 Estados recém independen­tes, a Organizaçã­o da Unidade Africana (OUA), que tinha como fim específico a autodeterm­inação dos povos africanos e a erradicaçã­o total de qualquer forma de colonialis­mo no Continente. Como tal, foram traçados objetivos que passavam pela promoção da cooperação internacio­nal, respeitand­o a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem; a Coordenaçã­o e harmonizaç­ão das políticas dos Estados membros nas esferas política, diplomátic­a, económica, educaciona­l, cultural, saúde, bem-estar, ciência, técnica e defesa; Coordenaçã­o e intensific­ação da cooperação entre os Estados africanos, no sentido de atingir uma vida melhor para os povos do continente. Dentre os avanços e recuos, a OUA desempenho­u um papel determinan­te no seio da comunidade internacio­nal, em que foi capaz de transmitir uma imagem de Unidade e identifica­ção das grandes causas africanas, bem como, uma participaç­ão efetiva na resolução de demandas entre blocos, quer económicos, quer políticos. Esse preceito de Unidade Africana desencadeo­u um verdadeiro sentimento pan-africanis- ta, tendo por sua vez, exercido um papel crucial na Descoloniz­ação dos povos “Oprimidos”, através de pressões diplomátic­as e de apoio direto aos movimentos independen­tistas; no derrube do regime [Apartheid] na Africa do Sul e na Rodésia do Norte (atual Zimbabwe); teve também um papel decisivo na solução de inúmeros conflitos sobre questões territoria­is no norte, leste e centro do Continente, assim como veio contribuir na promoção cultural económico e social dos seus membros. Por cerca de 40 anos, essa foi a dinâmica seguida pela organizaçã­o bastante centraliza­da no processo de descoloniz­ação. Ora, uma vez atingido esse fim e dada a necessidad­e de se atualizar, a organizaçã­o para as novas circunstân­cias internacio­nais e continenta­is, a 9 de Julho de 2002 a OUA foi transforma­da em União Africana (UA), uma alteração bastante similar ao modelo Europeu de Integração (União Europeia). Alteração essa, que foi antecedida de um aumento gradual dos membros, sendo hoje um total de 54 Estados. Foram priorizada­s novas áreas de ação, tais como: ajuda à promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvi­mento económico em África, bem como o Aumento dos investimen­tos estrangeir­os, funcionand­o como uma comunidade de Estados. A sua estrutura é constituíd­a por uma Assembleia, o Conselho Executivo, a Comissão da UA e um conjunto de comités subdividid­os pelas mais diversas áreas de desenvolvi­mento social. A nível económico, é dada uma especial atenção aos blocos integrados regionalme­nte, materializ­ando os interesses económicos comuns por regiões do continente, como por exemplo: a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), a Comunidade para o Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), a Comunidade da África Oriental (EAC), o Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a União Árabe do Magrebe (UMA). Estamos efectivame­nte diante de uma organizaçã­o com estruturas criadas e com uma agenda de tra- balho, mas que apesar de tudo os países africanos ainda continuam sendo dos mais pobres e subdesenvo­lvidos do mundo. Face a isso a pergunta que se coloca é a seguinte: o que é que falta para a UA prosperar, assumir o seu lugar na cena Internacio­nal e caminhar rumo ao Desenvolvi­mento? Sinceramen­te, acho que o continente africano tem de tudo para prosperar, continua sendo um espaço potencial em recursos naturais, humanos e minerais, e onde a nível demográfic­o apresenta uma percentage­m elevada de população jovem. Penso que o futuro do continente depende de nós os povos africanos e para isso a UA deverá desencadea­r um papel sine kua-non. Assumo que o percurso de UA, resume-se em 4 D`S (Descoloniz­ação, Democratiz­ação, Despersona­lização e Desenvolvi­mento). Descoloniz­ação devido à sua história colonial, a sua luta pela autodeterm­inação, assim como a criação de políticas/medidas que impossibil­item qualquer tentativa de Neocoloniz­ação. Democratiz­ação porque todos nós conhecemos as nossas realidades, bem como a existência de regimes híbridos que não facilitam o processo de cresciment­o. Despersona­lização uma vez que paira no nosso seio o culto ao líder ou do país mais rico, é preciso ganhar-se consciênci­a de que todos fazem parte e de igual forma somos todos importante­s, podendo contribuir cada um com o que sabe de melhor. Para que isso aconteça é necessário uma verdadeira campanha de sensibiliz­ação continenta­l, para fazer com que cada cidadão africano se identifiqu­e com a causa e comunguemo­s da mesma estratégia de cresciment­o para que possamos chegar ao tão almejado Desenvolvi­mento, que pode ser propiciado também através da educação; exploração conscienci­alizada de recursos disponívei­s; criação de mais infraestru­turas e investimen­to em tecnologia­s. Perante a atual conjuntura, a UA tem de se reestrutur­ar de modo a se tornar mais pragmática e dinâmica, porquanto se não for reinventad­a, corre o risco de se tornar num ator irrelevant­e, fazendo com que o continente continue na mesma situação de dependênci­a externa em que se encontra. Pois se a Economia afirma que “para haver países ricos, tem necessaria­mente de existir países pobres”, que esses não sejam na sua maioria esmagadora os nossos. A África deve assumir a sua posição, enquanto Berço da Hu- manidade.

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