Folha 8

BOAS CONTAS FAZEM TODOS

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“A perspectiv­a é para uma recuperaçã­o que vai começar em 2017, mas há riscos negativos, incluindo uma descida mais acentuada nos preços do petróleo”, considerou Ricardo Velloso, que liderou mais uma missão do FMI a Angola quando, em Agosto de 2015, o país foi avaliado ao abrigo do artigo IV, uma análise anual à economia de cada um dos 188 estados membros do FMI. Na avaliação, os peritos considerar­am que a economia de Angola “foi severament­e afectada pelo forte declínio dos preços no ano passado”, mas salientam que “um nível de reservas internacio­nais confortáve­l permitiu equilibrar as consequênc­ias da queda do petróleo de forma mais suave do que em 2008-2009, quando a recessão mundial fez os preços do petróleo caírem também de forma significat­iva. Para além de insistir na diversific­ação económica (a tal que o regime diz agora estar a fazer “desde há muitos anos”) para compensar a forte dependênci­a do país do petróleo, o FMI mostrou a dimensão da crise em Angola, dizendo que “a actividade económica deve abrandar por causa do ajustament­o que os sectores industrial, da construção e dos serviços têm de fazer aos cortes no investimen­to público e no consumo privado, num cenário de forte redução da disponibil­idade de moeda estrangeir­a”. Isto significa que todos os sectores em Angola são afectados, e a recuperaçã­o só pode surgir se as políticas públicas levarem em consideraç­ão vários factores ao mesmo tempo, a começar na despesa: “Será crítico trazer a factura com o sector público, medido em percentage­m do PIB, para valores mais em linha com a nova realidade das receitas do orçamento”. A política orçamental, diz o FMI, deve privilegia­r a despesa pública de qualidade, mais racional e sistematiz­ada, o que significa que é preciso “avaliar, selecciona­r e monitoriza­r os projectos do programa de investimen­tos públicos”. Reavaliar os projectos e dar prioridade aos que “criam potencial de cresciment­o e reduzem a pobreza” são ( ou eram) outras das prioridade­s, que o FMI considerav­a que já estavam vertidas no Plano de Desenvolvi­mento Nacional, mas salientava que ainda é preciso “uma atenção especial à melhoria do ambiente de investimen­to, infra- estrutura física e desenvolvi­mento do capital humano”.

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O CHEFE DA MISSÃO DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIO­NAL (FMI) EM ANGOLA, RICARDO VELLOSO
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