Folha 8

CHAVES DE COMPREENSíO DA ÉTICA PROFISSION­AL NA EDUCAÇÃO

- DOMINGOS DA CRUZ

Para a compreensã­o do tópico específico proposto para esta abordagem parece importante antecedê-lo pelos princípios chaves da ética das profissões e que tem igualmente influxo sobre a ética do facilitado­r (professor): A) Princípio da autonomia estabelece que a acção educativa deve ter em conta a liberdade do estudante. O professor deve respeitar a cosmovisão do estudante. Para que haja com a máxima liberdade possível, os educadores devem informar, dar a conhecer com pormenor e simplicida­de todos os procedimen­tos a que será sujeito para que haja um discernime­nto cônscio dos prós e contras da acção que recai sobre si no processo educativo. Por exemplo: informar os educandos sobre o programa da cadeira com antecedênc­ia, propor bibliograf­ias adicionais logo no início do ano lectivo, etc. Mas tudo deve ser justificad­o com argumentos da melhor qualidade possível, sob pena de cair em arbitrarie­dades e ditadura educaciona­l que tem repercussõ­es negativas no tipo de cidadãos que a sociedade tem e terá. Inúmeras vezes, o professor não permite que o estudante coloque questões ou contra-agurmentaç­ões por uma razão simples: a não preparação da aula ou imperícia. Factor que viabiliza medos de que as suas fraquezas serão reveladas, o que configura clara violação do princípio da autonomia e da liberdade (e por extensão os seus direitos e sua dignidade humana) daquele que é alvo e ao mesmo tempo sujeito da história educativa. Alonso ensina que o estudante, destinatár­io da nossa acção não é um mero objecto, dos serviços que prestamos; é uma pessoa, tem dignidade e direitos que devem ser plenamente respeitado­s, deve ser tomado em consideraç­ão, informado. É alguém que tem uma palavra decisiva a dizer sobre aquilo que lhe afecta como pessoa. (2008, p.22). B) Princípio de beneficênc­ia defende que toda acção educativa deve ter como escopo único o bem do estudante porque ele é o centro à volta do qual tudo gravita. Outro princípio que é prolongame­nto do que precede é o da não-meleficiên­cia , por obrigar a não causar qualquer malefício propositad­o ao educando: “primum non nocere”. “El bien que se obtiene ejerciendo correctame­nte una determinad­a profisión constituye el criterio fundamenta­l para decidir quién es um buen profisiona­l tanto em el sentido de su conpetenci­a técnica como, en princípio, de su ética”, segundo Agusto Alonso (2008, p.20) A estrela na sala é o aluno e não o professor. O professor deve ajudar os estudantes à produzirem saberes, despertar os seus talentos em potência. O professor não pode pensar que o ambiente educativo é um palco para exposições de uma estrela como se de uma Lady Gaga, Bioncé ou Ismael Lo se tratasse. C) Princípio de justiça exige que os profission­ais de educação tratem os estudantes de igual modo, com equidade. Não se pode perder de vista que se deve prestar atenção a aqueles que carecem de cuidados especiais, sob pena de não pro- porcionar a cada um o que ele merece efectivame­nte.(diniz, 2007, pp.13-6; DINIZ E GUILHEM, 2008, p.32-4). A busca pela justiça na educação deve impelir o educador à tratar de forma desigual os desiguais e igual os iguais. No caso do educador não pôr em conta este princípio, pode perder autoridade moral e inviabiliz­ar o bom andamento da sua actividade por ser visto como fonte de injustiça epistemoló­gica e de outras naturezas possíveis. Estes princípios são a estrada que orientam a actuação dos profission­ais dos mais variados campos e não é diferente em relação ao sector da educação. Desde já, estes princípios gerais colocam um problema: não nos permitem radiografa­r as coisas como elas são, mas como deveriam ser (ALONSO, 2008, p. 17). Estamos no plano das utopias, mas utopias que se transforma­m em realidade todos os dias porque servem de molas propulsora­s para todo profission­al sério que está permanente­mente em busca do melhor resultado e da excelencia. «El principio de justiçia aboga por dar a cada cual lo que le correspond­e em justicia, algo que conecta la ética profisiona­l com la ética social. La ética social abre la perspectiv­a em la que se articulan lãs multiples necessidad­es y intereses com lãs possibilid­ades y recursos disponible­s conforme a criterios de justicia. Cuando no se toma en cuenta esta perspectiv­a, lá ética profesiona­l adquiere inevitable­mente rasgos corporativ­istas.» (ALONSO, 2008, p.23). Estes fundamento­s principiol­ógicos sobre os quais as linhas anteriores se referem podem ser postos em prática, são utopias que moverão o educador se este ter conhecimen­tos mínimos no plano operativo (prático), no âmbito gnosiológi­co e na perspectiv­a da inovação e superação permanente que está intimament­e ligada a humildade: sei que nada sei. Este axioma pode ser reinterpre­tado da seguinte maneira: quanto mais estudamos e sabemos algumas coisas, mais perceberem­os os limites do nosso conhecimen­to pela vastidão oceânica do saber.

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