CHAVES DE COMPREENSÃO DA ÉTICA PROFISSIONAL NA EDUCAÇÃO
Para a compreensão do tópico específico proposto para esta abordagem parece importante antecedê-lo pelos princípios chaves da ética das profissões e que tem igualmente influxo sobre a ética do facilitador (professor): A) Princípio da autonomia estabelece que a acção educativa deve ter em conta a liberdade do estudante. O professor deve respeitar a cosmovisão do estudante. Para que haja com a máxima liberdade possível, os educadores devem informar, dar a conhecer com pormenor e simplicidade todos os procedimentos a que será sujeito para que haja um discernimento cônscio dos prós e contras da acção que recai sobre si no processo educativo. Por exemplo: informar os educandos sobre o programa da cadeira com antecedência, propor bibliografias adicionais logo no início do ano lectivo, etc. Mas tudo deve ser justificado com argumentos da melhor qualidade possível, sob pena de cair em arbitrariedades e ditadura educacional que tem repercussões negativas no tipo de cidadãos que a sociedade tem e terá. Inúmeras vezes, o professor não permite que o estudante coloque questões ou contra-agurmentações por uma razão simples: a não preparação da aula ou imperícia. Factor que viabiliza medos de que as suas fraquezas serão reveladas, o que configura clara violação do princípio da autonomia e da liberdade (e por extensão os seus direitos e sua dignidade humana) daquele que é alvo e ao mesmo tempo sujeito da história educativa. Alonso ensina que o estudante, destinatário da nossa acção não é um mero objecto, dos serviços que prestamos; é uma pessoa, tem dignidade e direitos que devem ser plenamente respeitados, deve ser tomado em consideração, informado. É alguém que tem uma palavra decisiva a dizer sobre aquilo que lhe afecta como pessoa. (2008, p.22). B) Princípio de beneficência defende que toda acção educativa deve ter como escopo único o bem do estudante porque ele é o centro à volta do qual tudo gravita. Outro princípio que é prolongamento do que precede é o da não-meleficiência , por obrigar a não causar qualquer malefício propositado ao educando: “primum non nocere”. “El bien que se obtiene ejerciendo correctamente una determinada profisión constituye el criterio fundamental para decidir quién es um buen profisional tanto em el sentido de su conpetencia técnica como, en princípio, de su ética”, segundo Agusto Alonso (2008, p.20) A estrela na sala é o aluno e não o professor. O professor deve ajudar os estudantes à produzirem saberes, despertar os seus talentos em potência. O professor não pode pensar que o ambiente educativo é um palco para exposições de uma estrela como se de uma Lady Gaga, Bioncé ou Ismael Lo se tratasse. C) Princípio de justiça exige que os profissionais de educação tratem os estudantes de igual modo, com equidade. Não se pode perder de vista que se deve prestar atenção a aqueles que carecem de cuidados especiais, sob pena de não pro- porcionar a cada um o que ele merece efectivamente.(diniz, 2007, pp.13-6; DINIZ E GUILHEM, 2008, p.32-4). A busca pela justiça na educação deve impelir o educador à tratar de forma desigual os desiguais e igual os iguais. No caso do educador não pôr em conta este princípio, pode perder autoridade moral e inviabilizar o bom andamento da sua actividade por ser visto como fonte de injustiça epistemológica e de outras naturezas possíveis. Estes princípios são a estrada que orientam a actuação dos profissionais dos mais variados campos e não é diferente em relação ao sector da educação. Desde já, estes princípios gerais colocam um problema: não nos permitem radiografar as coisas como elas são, mas como deveriam ser (ALONSO, 2008, p. 17). Estamos no plano das utopias, mas utopias que se transformam em realidade todos os dias porque servem de molas propulsoras para todo profissional sério que está permanentemente em busca do melhor resultado e da excelencia. «El principio de justiçia aboga por dar a cada cual lo que le corresponde em justicia, algo que conecta la ética profisional com la ética social. La ética social abre la perspectiva em la que se articulan lãs multiples necessidades y intereses com lãs possibilidades y recursos disponibles conforme a criterios de justicia. Cuando no se toma en cuenta esta perspectiva, lá ética profesional adquiere inevitablemente rasgos corporativistas.» (ALONSO, 2008, p.23). Estes fundamentos principiológicos sobre os quais as linhas anteriores se referem podem ser postos em prática, são utopias que moverão o educador se este ter conhecimentos mínimos no plano operativo (prático), no âmbito gnosiológico e na perspectiva da inovação e superação permanente que está intimamente ligada a humildade: sei que nada sei. Este axioma pode ser reinterpretado da seguinte maneira: quanto mais estudamos e sabemos algumas coisas, mais perceberemos os limites do nosso conhecimento pela vastidão oceânica do saber.