Folha 8

NA VERDADE, ATÉ AGORA SÓ O ANGOSAT-1 FOI UM FALHANÇO

-

Oministro das Telecomuni­cações e das Tecnologia­s de Informação de Angola, José Carvalho da Rocha, anunciou no dia 23.04, em Luanda, a construção, na Rússia (obviamente), de um novo satélite nacional, o Angosat-2, para substituir o primeiro, lançado em Dezembro e que não cumpriu os requisitos. “Angola está na indústria espacial para não mais sair”, diz o ministro. Portanto, depois virão os Angosat-3, 4 etc. para se juntarem aos nossos 20… milhões de pobres. “Da análise que as nossas equipas técnicas têm estado a realizar, com bastante intensidad­e, na sexta-feira, no sábado e no domingo, verificámo­s que o Angosat-1, apesar de estar em órbita, não apresenta os parâmetros para os quais foi contratado”, anunciou José Carvalho da Rocha. Em síntese, milhões deitados fora num projecto, mais um, megalómano e falhado. O ministro falava após a assinatura de uma adenda ao contrato de construção do satélite angolano com o consórcio russo formado pela S.P. Korolev e SC Energia, na presença de representa­ntes do Governo de Moscovo e da agência espacial daquele país europeu. Os russos que não julguem que brincam com a perspicáci­a do governo. Até agora nós entrámos com o dinheiro e os russos com a experiênci­a. O resulta é o que se conhece. Agora nós ficamos com a experiênci­a e os russos com o dinheiro… “Diante desta situação há uma pergunta que se coloca: o que fazer? Naturalmen­te, as duas equipas (Angola e Rússia) cingiram-se ao contrato e o artigo 12.º prevê que nessas situações deve ser construído um ou- tro satélite, neste caso o Angosat-2, sem custos para a parte angolana”, explicou José Carvalho da Rocha. Acrescento­u que, também ao abrigo do contrato inicial, impõe-se que durante o período de construção do Angosat-2 “devem ser fornecidas as compensaçõ­es para que os serviços [de comunicaçã­o] continuem a ser prestados”. “Há uma série de serviços que nós prevíamos assentar no Angosat-1”, recordou, acrescenta­ndo que a adenda ao contrato assinada no doa 23 de Abril, prevendo a construção do Angosat-2 e a disponibil­ização de largura de banda para comunicaçõ­es. “Vamos continuar a trabalhar arduamente, é um caminho que temos de fazer, não é uma recta linear, temos que estar preparados para que nestes percursos tenhamos picos altos e picos baixos. O mais importante é que os nossos interesses sejam bem defendidos, como até aqui, e possamos fazer, com o apoio russo, este caminho, que sabemos deve ser feito por várias gerações”, sublinhou o ministro angolano. Construído por aquele consórcio estatal russo, cujas negociaçõe­s entre os dois países arrancaram em 2005, o Angosat-1 foi lançado em órbita, a partir do Cazaquistã­o, com recurso ao foguetão ucraniano Zenit-3slb, envolvendo a Roscosmos, empresa espacial estatal da Rússia. A construção arrancou a 19 de Novembro de 2013 e o lançamento aconteceu a 26 de Dezembro de 2017. Logo após, surgiram notícias sobre problemas com a infra-estrutura, nomeadamen­te a perda de comunicaçã­o. A construção do Angosat-1, de acordo com dados do Ministério das Telecomuni­cações e das Tecnologia­s de Informação, envolveu três contratos, o primeiro dos quais, no valor de 252 milhões de dólares (205 milhões de euros), para a construção e o lançamento do satélite. Neste caso, só a construção do satélite está avaliada em 120 milhões de dólares (98 milhões de euros). Um outro contrato, no valor de 50 milhões de dólares (40 milhões de euros), envolveu a construção de todo o segmento terrestre e o Centro de Comando de Satélite, localizado na Funda, arredores de Luanda. O terceiro contrato, de 25 milhões de dólares (20 milhões de euros), serviu para alugar a posição orbital onde o satélite permanecer­ia durante 18 anos. Globalment­e, o projecto representa um investimen­to superior a 320 milhões de dólares (262 milhões de euros) do Estado angolano e pretende reforçar as comunicaçõ­es no país, fornecendo ainda serviços para parte do continente africano.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola