Folha 8

ACÇÃO DE RATING OU DE AMBIGUIDAD­E

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O comentário, que não é uma acção de “rating”, serviu de alerta para o Governo que tem manifestad­o intenção de entrar em negociaçõe­s com os credores para alterar as condições da dívida, mas sem apontar especifica­mente os contornos dessa intenção. “As declaraçõe­s ambíguas nos documentos oficiais em Janeiro deixaram pouco claro o perímetro que se aplicaria às intenções do Governo de renegociar a dívida”, escrevem os analistas na nota aos investidor­es. “Baseados parcialmen­te em discussões com o Governo, assumimos que apesar de o executivo querer realmente gerir mais activament­e as suas vulnerabil­idades em 2018, não existe actualment­e uma intenção de entrar em discussões com quaisquer credores para engendrar um resultado que a Moody’s poderia considerar um evento de incumprime­nto financeiro”, escrevem os analistas. Nas definições metodológi­cas da Moody’s, um evento de crédito considerad­o um “default” (incumprime­nto) acontece sempre que o Governo propõe aos credores uma renegociaç­ão da dívida que implique alterações nos prazos ou nos montantes do pagamento, à semelhança do que aconteceu com Moçambique em 2016, quando propôs aos credores receberem juros mais elevados e um alargament­o do prazo de pagamento do montante investido inicialmen­te. No comentário de 11 de Janeiro, a Moody’s explica que não antecipa que isto vá acontecer, notando que encara como provável que o Governo tente apenas renegociar os empréstimo­s, o que, na definição metodológi­ca da agência de notação financeira, não implica um “default” e consequent­e descida do “rating”. Devido ao fim da indexação do kwanza ao dólar, a moeda angolana deve desvaloriz­ar-se e aumen- tar o rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto, o que aumenta automatica­mente o custo da dívida. “Confrontad­o com a perspectiv­a de um aumento do peso da dívida e dos custos de refinancia­mento, o Governo quer melhorar a composição e o perfil da sua dívida, tentando, sempre que possível, trocar dívida de curto prazo e dívida em moeda estrangeir­a por instrument­os de longo prazo”, diz a Moody’s.

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