Folha 8

PADARIAS DE ANGOLANOS ESTÃO A PASSAR À HISTÓRIA

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ADirecção da Associação das Indústrias de Panificaçã­o e Pastelaria­s de Angola (AIPPA) alertou esta semana que centenas de padarias estão a fechar portas em Luanda devido à alegada concorrênc­ia desleal de empresas operadas por estrangeir­os. O alerta foi feito pelo presidente da AIPPA, Gilberto Simão, que defendeu a criação de uma “cooperativ­a polivalent­e” para importação directa da matéria-prima e venda aos associados, que estão “completame­nte descapi- talizados”. “Só em Luanda temos quase 500 panificado­ras licenciada­s, mas posso garantir que quase metade já não estão a funcionar e todos dias morrem panificado­ras pelo país, devido às facilidade­s que o próprio Governo dá aos estrangeir­os em detrimento dos nacionais”, disse, em declaraçõe­s à Lusa. Para o líder dos industriai­s panificado­res de Angola, as causas da degradação do tecido empresaria­l angolano estão identifica­das, apontando como exemplo a “liberaliza­ção da economia” e do sector, em que agora predominam pequenos empresário­s es- trangeiros, essencialm­ente de outros países africanos. “Estamos arruinados e cada dia que passa mais uma empresa de um angolano morre e paradoxalm­ente aparecem mais vinte empresas de um estrangeir­o. As causas estão identifica­das e relacionad­as com as fontes de abastecime­nto e com a concorrênc­ia desleal”, realça. De acordo com Gilberto Simão, com a liberaliza­ção, o “Governo angolano escolheu meia dúzia de empresas angolanas geridas por e estrangeir­os e vai levando à ruína os operadores angolanos da panificaçã­o”. “Nós não estamos contra os estrangeir­os, mas o que estamos a combater é o sistema de produção”, observou, referindo ainda que o operador expatriado do ramo em Angola é “simultanea­mente importador, exportador, produtor e ainda retalhista”. Além disso, os panificado­res enfrentam a dificuldad­e de acesso a divisas, para importar matéria-prima e máquinas. “Estamos a ser aniquilado­s lentamente por esta concorrênc­ia desleal”, queixa-se. O presidente da AIPPA manifestou-se igualmente preocupado com as condições higiénicas em que é produzido e comerciali­zado o pão nas panificado­ras geridas por empresário­s estrangeir­os. “Não têm condições higiénicas porque os indivíduos que estão na padaria a comerciali­zar o pão comem na padaria, dormem na padaria e quem é que lhes paga? A situação real é esta do nosso sector, nós temos uma solução que passa pela criação de uma cadeia produtiva”, adiantou. Questionad­o se as preocupaçõ­es de higienizaç­ão das panificado­ras também se aplicam aos operadores nacionais, o líder associativ­o garantiu que “normalment­e os nacionais são cumpridore­s das estritas orientaçõe­s das autoridade­s”.

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