Folha 8

PARA OS QUE NÃO VIVEM MAS QUE APENAS SOBREVIVEM

- PITRA ANTÓNIO DOS SANTOS BONDO

Apergunta inevitável para os nossos políticos é saber se os angolanos vivem ou sobrevivem? Começo por frisar sobre os seres humanos. A vida não se limita à existência dos seres humanos na sociedade. A simples existência é uma ação do criador, o Deus todos poderoso. Deus criou-nos para um fim, para vivermos em harmonia, servir e ser servido. Viver por viver não é digno do ser humano. O homem foi feito para viver e foi assim que Deus criou o Homem e o colocou num determinad­o espaço para melhor se identifica­r com a sua vivência. O propósito de Deus é que todos possam viver de forma saudável e com as suas condições básicas que lhes permita existir até onde Deus pensa, que cada um deve chegar. Durante este processo da existência humana, o homem tornou-se inimigo cruel do próprio homem, procurou inventar elementos de superiorid­ade que visam separar as classes humanas fazendo de alguns, ricos e poderosos, e de outros, pobres e miseráveis, sacrifican­do dessa maneira os seus semelhante­s, pelo que, alguns vivem e outros sobrevivem. O inimigo terrível que o homem enfrenta não são as más ou boas ideias, não são as doenças que de certo modo são provocados pelo vício humano, não é a pobreza da terra, não é a falta de segurança, não é a falta de recursos para viver, mas sim, o próprio homem que cria todas essas ideias, todas essas dificuldad­es, toda essa separação de classes, que não sabe auto-governar, e que elege o seu inimigo íntimo, que o separa e o maltrata, é o próprio cidadão que exalta quem o marginaliz­a. O corrupto, o tirano, o governante mentiroso, não é apenas aquele que lidera uma comunidade, não apenas aquele que lidera uma instituiçã­o, mas sim, todo o corpo que lhe legitima o poder e o faz poderoso diante dos fracos. O poderoso nasce nos fracos. O poder dos poderosos não vem de Deus, mas sim, dos pobres que o fizeram poderoso. O homem pensou, depois de conquistar o interesse humano, passar a escravizá-lo. É desta maneira que os cidadãos elegem o seu grande inimigo para os dominar. Depois de chegarem ao poder, os governante­s olvidam-se dos cidadãos. Todo o ser humano nasce igual, do ventre materno, todo o ser humano pensa igual ao seu semelhante e todo o ser humano vive em sociedade. Vivemos em meios diferentes, com esforços diferentes, mas no final, todos morremos, igualmente. A pobreza não é um propósito de Deus para com o homem, mas sim, o egoísmo do homem para com os homens. É fruto de uma má distribuiç­ão dos recursos, é fruto de superiorid­ade de alguns. O homem criou o maior inimigo para controlar e dominar o próprio homem, e assim fez o dinheiro como elemento em que o Homem deposita todo o seu bem-estar. O poder do homem está no dinheiro, para dominar e escravizar o seu semelhante, e que faz o poderoso mais forte, o pobre mais pobre. Conhecemos o seu medo de combate, enquanto o seu poder é fraco, já dominamos os seus filhos que habitam no nosso país e os fizemos militares que irão lutar e morrer sem saber porquê, e deste modo, os poderosos no desejo de alargar os seus interesses, criam guerras contra outras sociedades e metem na linha da frente os militares que lutam a favor daqueles que se conhecem. Os pobres servem para proteger as fronteiras, segundo os interesses dos ricos, e tornam-se vítimas destes conflitos. Hoje a guerra é um interesse económico, onde alguns constroem os meios de destruição e os comerciali­zam. A guerra significa muito dinheiro para os poderosos, e desgraça para os pobres. Aos poderosos a guerra gera dinheiro e aos pobres, gera a pobreza

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