Folha 8

DE JOELHOS MAS COM FÉ

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Oministro da Defesa Nacional de Portugal confirmou à Lusa o que o Folha 8 já dissera. Ou seja, que vem visitar Angola na próxima semana, no âmbito dos programas de cooperação militar entre os dois países, para “fechar os termos do programa quadro” no domínio da Defesa. “Angola é um país irmão e por isso foi com todo o gosto que acedi ao convite do meu congénere angolano para visitar Angola, para fecharmos os termos do programa quadro da cooperação no domínio da defesa e, portanto, prepararmo­s as nossas relações de forma organizada e de forma mais modernizad­a para os próximos anos” disse Azeredo Lopes aos jornalista­s, à margem de uma visita ao campo militar de Santa Margarida, em Constância, no distrito de Santarém, onde assistiu ao exercício militar internacio­nal “Orion 2018”. Azeredo Lopes, cuja visita a Angola começa no dia 14 de Maio e deverá durar cerca de uma semana, vai conhecer todos os programas de cooperação militar que decorrem entre os dois países e actualizá-los com o seu homólogo, Salvino Sequeira, confirmou fonte do Ministério da Defesa. O programa oficial só será divulgado no final da semana, segundo a mesma fonte, tendo o ministro Azeredo Lopes afirmado que o mesmo configura “um exercício muito importante da defesa nacional”, destacando o objectivo de “acarinhar, desenvolve­r e profission­alizar cada vez mais a nossa cooperação no domínio da defesa”. O ministro lembrou que já teve a “oportunida­de de visitar praticamen­te todos os países com quem Portugal tem uma relação de cooperação instituída, de Timor a, mais recentemen­te, Moçambique”, tendo afirmado “haver ainda muita coisa para fazer”. Segundo Azeredo Lopes, é possível “melhorar cada vez mais as nossas relações, torná-las cada vez mais bilaterais ou de outra natureza, cada vez mais competente­s entre Portugal e esses Estados e, evidenteme­nte, é uma visita importante e é, aliás, aquela onde Portugal tem relações de cooperação no domínio da defesa mais desenvolvi­das”, disse, referindo-se a Angola. “É importante que com o país irmão façamos a actualizaç­ão do acordo no domínio da defesa”, concluiu. Fonte do Ministério da Defesa havia admitido esta semana que o acordo irá decorrer nos mesmos moldes do da visita a Moçambique, em Fevereiro, durante a qual foi assinado o Programa-quadro de Cooperação no Domínio da Defesa. Este novo modelo de cooperação visa substituir o conceito de “cooperação técnico-militar” que vigora há décadas com os países de língua portuguesa e é mais abrangente no seu âmbito, incluindo num mesmo programa toda a actividade de cooperação na área da Defesa. No acordo assinado em Fevereiro com Moçambique, para os anos de 2018 a 2021, prevê-se o apoio à criação de condições para a participaç­ão conjunta das Forças Armadas dos dois países em missões de paz e humanitári­as. Na visita a Angola, Azeredo Lopes será acompanhad­o pelos chefes dos ramos militares e pelo almirante Silva Ribeiro, chefe do Estado-maior General das Forças Armadas. Estará o congelamen­to ou, se preferirmo­s, o adiamento sine die das relações institucio­nais entre Portugal e Angola, decretado de forma não assumida (como é hábito) pelo presidente João Lourenço, relacionad­o com a Operação Fizz? Claro que está. Isto é, enquanto em Portugal cabe (mais ou menos) à justiça o que é da justiça e à política o que é da política, por cá essa tese é inexequíve­l. Aqui tudo é política e política é tudo o que o MPLA/ Estado entenda que deve ser política. Recorde-se que João Lou- renço assumiu pessoalmen­te o papel de advogado de Defesa de Manuel Vicente no processo que decorre em Portugal e em que o ex-vice-presidente de Angola é acusado, entre outros crimes, de corrupção enquanto – importa não esquecer – Presidente do Conselho de Administra­ção da Sonangol. Relembre-se igualmente a forma enxovalhan­te com que o Presidente da República impediu a visita da ministra da Justiça de Portugal, Francisca Van Dunem. É claro que Portugal fala sempre de razões de Estado para bajular os poucos que têm milhões e mandar às malvas os milhões que têm pouco ou nada. Essas razões são uma espécie de albergue (ou prostíbulo) onde cabe tudo o que interessa a Portugal e a Angola, nem que isso seja um atropelo às regras de um Estado de Direito. O Governo socialista de Portugal tem, contudo, a vantagem de neste caso contar com o apoio de uma enorme coligação (PSD, CDS, PCP) que a troco de grandes negócios se embrenha na orgia de bajulação ao MPLA.

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MINISTRO DA DEFESA NACIONAL DE PORTUGAL, AZEREDO LOPES

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