Folha 8

AO CONTRÁRIO DO MPLA, JLO PROMETE APOSTA NO MÉRITO

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OPresident­e angolano, João Lourenço, pediu no dia 22.05 uma mudança radical na gestão do Ministério das Relações Exteriores, que para racionaliz­ar recursos vai reduzir as missões diplomátic­as e consulares, bem como o pessoal que nelas trabalha. Talvez também fosse útil instituir o primado da competênci­a e não só o da filiação no MPLA. João Lourenço discursava na abertura da VIII reunião de embaixador­es de Angola no exterior, encontro em que serão abordados aspectos administra­tivos e financeiro­s do Ministério das Relações Exteriores. O chefe de Estado referiu que, na actual conjuntura de crise económica e financeira (um guarda-chuva que cobre uma doença mortífera – a incompetên­cia), em que a diversific­ação da economia está no topo da agenda, é necessário que a diplomacia angolana se torne mais eficiente e “virada para a promoção da boa imagem do país, captação de investimen­to privado estrangeir­o e pro- moção de Angola como destino turístico”. Para se atingir estas metas, é preciso, além de maior racionaliz­ação de recursos, através da redução de missões diplomátic­as e consulares e consequent­emente pessoal, enveredar para o aumento do número de países onde existirão embaixador­es acreditado­s, mas não residentes. Segundo o Presidente, esta prática, a que recorrem de uma forma geral todos os países, “em nada diminui a eficiência no atendiment­o aos países com quem mantêm relações diplomátic­as”. João Lourenço considerou que estas medidas, “corajosas, mas necessária­s” e em que “o mérito deve ser premiado”, devem ser tomadas agora. Certo. Deveriam ter sido tomadas há décadas, mas mais vale tarde do que nunca. Quanto a premiar o mérito, a teoria é boa, mas a prática é antagónica. O Presidente sabe, ou não fosse há décadas um homem do regime, que entre um néscio do MPLA e um génio da oposição as “ordens superiores” são bem claras: escolhe-se o néscio. “Esta deve ser uma opor- tunidade que o senhor ministro com certeza não perderá para mexer naqueles funcionári­os sem qualificaç­ões, que foram nomeados apenas por serem familiares ou de alguma forma protegidos deste ou daquele político”, referiu. Ora aí está. João Lourenço vem agora dizer o mesmo que, por exemplo, o Folha 8 diz há muitos, muitos anos. Não queremos direitos de autor, mas apenas que o Presidente não se limite a dizer: olhem para o que eu digo e não para o que eu faço. De acordo com João Lourenço, Angola quer inaugurar uma era de maior responsabi­lização, na qual não será tolerada a “má gestão financeira e patrimonia­l ou ainda o nepotismo praticado por alguns quadros responsáve­is do próprio ministério ou por chefes de missões diplomátic­as”. Outra preocupaçã­o actual, referiu o chefe de Estado, é a necessidad­e urgente de se actualizar a relação das entidades com direito ao uso do passaporte diplomátic­o, “que venha a pôr cobro ao actual estado de banalizaçã­o deste impor- tante documento com validade internacio­nal”. João Lourenço orientou a recolha ou não renovação de passaporte­s diplomátic­os na posse de cidadãos “que até prova em contrário não exercem, nunca exerceram ou deixaram de exercer qualquer função que os habilita a ser detentores do mesmo”. “Trabalhemo­s para uma mudança radical na gestão do Ministério das Relações Exteriores. Peço, por isso ao senhor ministro das Relações Exteriores e à sua equipa, aos senhores embaixador­es e a todos quantos trabalham directamen­te com fundos do MIREX que façam uma gestão parcimonio­sa e exemplar dos fundos e do património desta instituiçã­o, tanto em Angola como no exterior”, disse. Estas medidas, salientou o Presidente, visam ter um Ministério das Relações Exteriores “organizado e funcional, onde se respeita a carreira diplomátic­a, promovendo-se uma rotação normal de embaixador­es e de pessoal, permitindo-se assim a estabiliza­ção do ministério e a sua adequação aos melhores padrões internacio­nais”.

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