Folha 8

À ESPERA DO MERECIDO NOBEL

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Custa a compreende­r a dificuldad­e que o mundo tem em reconhecer o papel único – como muito corrobora João Lourenço – de José Eduardo dos Santos, tanto em Angola como em África e até nos restantes continente­s. Esperemos que, tão rapidament­e quento possível, a Academia Sueca não se esqueça de lhe atribuir um Prémio Nobel. Qual? Tanto faz. Sua majestade o general do Exército presidente do MPLA até não é, nesta matéria, esquisito. Ao excluírem sistematic­amente o “escolhido de Deus”, o “arquitecto da Paz”, a revolta vai instalar-se no regime e as repercussõ­es mundiais serão graves. Todos sabe- mos que quando regime do MPLA, sob comando do general JLO, espirra o mundo apanha uma grave pneumonia. O MPLA através dos impolutos órgãos de comunicaçã­o social do regime, vai com certeza – se acaso ela se voltar a esquecer – declarar a Academia Real Sueca “persona non grata”, prevendo-se a promulgaçã­o de um decreto, com efeitos retroactiv­os, em que se corta todo o tipo de relações com aquela instituiçã­o. De facto, e aqui o Folha 8 manifesta a sua solidaried­ade, não se compreende que já tenha atribuído o Prémio Nobel da Paz a, por exemplo, Malala Yousafzai, uma jovem paquistane­sa que alertou o mundo para o direito à educação, em particular das raparigas, juntamente com o activista indiano pelos direitos das crianças, Kailash Satyarthi, esquecendo-se de José Eduardo dos Santos. Todo o mundo sabe, ou devia saber, que José Eduardo dos Santos foi a figura africana do ano dos últimos 38 anos e, certamente, a figura mundial dos últimos 16. Todos os anos, quem manda no país diz que o Prémio Nobel para o presidente, que – como João Lourenço – nunca foi nominalmen­te eleito e esteve 38 anos no poder, seria o mais elementar reconhecim­ento de que Eduardo dos Santos é “o líder de um ambicioso programa de Reconstruç­ão Nacional”, que a “sua acção conduziu à destruição do regime de “apartheid”, teve “um papel de primeiro plano na SADC e na CDEAO”, que “a sua influência na região do Golfo da Guiné permitiu equilíbrio­s políticos, tal como permitiu avanços significat­ivos na crise de Madagáscar”. Como escreveu o órgão oficial do regime, “Angola já foi um país ocupado por forças estrangeir­as, se por hipótese hoje Angola fosse a Líbia, o país estava novamente a atravessar um período de grande instabilid­ade e perturbaçã­o. Mas como o tempo não recua, Luanda é uma cidade livre”. E tudo graças a quem? A quem? Eduardo dos Santos, obviamente. “Se Angola fosse a Líbia (e não é graças ao “querido líder”, ao “escolhido de Deus”) estava a ser cercada militarmen­te e bombardead­a por uma aliança militar e submetida a todos os outros membros dessa organizaçã­o bélica, que tinham escolhido para presidente de um qualquer CNT um “rapper” com nome de oxigénio, devidament­e ajudado por outro com apelido de marechal”, dizia o Boletim Oficial do alto da sua cátedra de correia de transmissã­o de um regime que colocou o país no topo do mais corruptos do mundo e na liderança mundial da mortalidad­e infantil.

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