ELOGIAR (COMO SEMPRE) QUEM ESTÁ NO PODER
A consultora BMI Research, como outras, diz acreditar (tal como acreditou antes por diversas vezes) que João Lourenço vai cimentar o seu poder sobre o Estado e fazer progredir a agenda reformista. “João Lourenço, actualmente vice-presidente do MPLA, deverá quase de certeza ganhar o controlo do partido, o que vai cimentar ainda mais o seu controlo sobre o Estado e apoiar o progresso na sua agenda reformista”, escreveram os analistas da consultora. Isto é que é uma consultora de credibilidade planetária, no mínimo. “Deverá quase de certeza ganhar”, diz a BMI Research apesar de saber que, mesmo no caso de aparecer algum candidato figurativo, João Lourenço vai ganhar com 99,99% dos votos. Num comentário à candidatura à liderança do MPLA na reunião de Setembro, os analistas es- creveram, numa nota enviada aos investidores, que isso irá “marcar mais outro passo simbólico de distanciamento da era de José Eduardo dos Santos”. Quem quiser que acredite. Como é que um jacaré se distancia da sua vocação genética de carnívoro, isso a BMI Research, não explica Apenas dá como certo que o jacaré vai distanciarse dos hábitos alimentares do seu pai… Recorde-se que, em Agosto de 2016, no congresso do MPLA, José Eduardo dos Santos recebeu uma aprovação de 99.6% pelas suas políticas, atitudes, comportamentos e visão para o país. Nada mais, nada menos: 99.6%! Também com o voto, o apoio e o aplauso de João Lourenço, o MPLA rendia-se em toda a linha ao “Querido Líder”, ao “Arquitecto da Paz”, ao “Grande Mártir” que se “sacrificou” a estar no poder quase quatro décadas, do “Grande Visionário” que catapultou o país para os caminhos da modernidade, através da diversificação económica. O “Pai da Nação”. O aumento da influência dos apoiantes do actual Presidente é, segundo a BMI Research, positivo para a unidade do partido e “serve bem a agenda reformista de João Lourenço”. Nos próximos tempos, “as principais prioridades serão renovar o investimento no sector petrolífero e promover a diversificação económica”, diz a BMI, que conclui que “a consolidação gradual do poder de João Lourenço mantém promissoras as perspectivas do ímpeto reformista”.