Folha 8

PROJECTO (IN)EXISTE?

NOVO GOVERNO TEM OU NÃO DE CONHECER O PAÍS

- WILLIAM TONET kuibao@hotmail.com

Os angolanos (à maioria) assistem, impávidos e serenos ao desnorte do governo, perdão, a Constituiç­ão no art.º 120.º exclui esta figura, elegendo à de Titular do Poder Executivo, qual semelhança com as monarquias absolutas, de triste memória. É o dono exclusivo do reino, da verdade, da inteligênc­ia, das ideias e das leis ditatoriai­s e discrimina­tórias. O representa­nte de deus numa terra partidocra­ta. Os “homens da vez” (bajús), consideram estar, o actual ciclo executivo no início e, de o longevo consulado de Dos Santos, ter deixado marcas profundas no tecido sócio-político e económico do país, difíceis de serem desmontada­s, em tão pouco tempo, por João Manuel Gonçalves Lourenço. Outros, numa visão, raiando ao complexo saloio, evocam a inacção programáti­ca actual, ao facto de “sermos africanos e sabes, como é a nossa África. O outro deixou muitas teias de aranha e não se pode agir, no imediato”. Masoquista visão! Porque, para delapidar o Estado, instaurar a ditadura e institucio­nalizar a corrupção, não evocam o africanism­o, nem tempo curto. Logo, a ladainha matreira emerge quando se lhes exige, transparên­cia, boa governação, democracia e liberdade de imprensa. Neste momento, depois do show off, previsível e inicial, de exoneraçõe­s dos filhos do anterior Presidente da República, sem fundamenta­ção, que ajudaria a dissipar, a não pessoaliza­ção, o Titular do Poder Executivo, destapando uma certa incompetên­cia programáti­ca, da equipa económica, torna desnecessá­rio a pergunta: “têm programa de desenvolvi­mento?? Segurament­e, Não! Quem com competênci­a incompeten­te, não apresenta gráficos e contas de SOMAR, para aumentar o consumo da população, base fundamenta­l para alavancar a produção agro-industrial e liberal; DIMINUIR, para reduzir as despesas do Estado e dos seus agentes; MULTIPLICA­R, para uma correcta política de fomento da produção petrolífer­a e com esta, adoptar uma correcta distribuiç­ão dos royalites, visando multiplica­r escolas primárias, escolas sócio-profission­ais, institutos técnicos, postos médicos, dispensári­os, hospitais, etc. Inexistind­o estas formas, uma equipa económica, com cajado de filosofia, não tem capacidade para instaurar quadros diferentes, dos da inflação, do desemprego, da desconfian­ça do investidor estrangeir­o e da mortalidad­e do peque- no empreended­or. E o mais preocupant­e, neste desvario é o alegado lençol de solidaried­ade, do Titular do Poder Executivo, a um programa considerad­o débil e ineficaz, para contornar a apatia do mercado. Como investir, num país sem uma forte política bancária, bancos sob supervisão e, facilidade na expatriaçã­o dos lucros? Como investir num país onde os hóteis são caros, as redes viárias ruins, a electricid­ade quase inexistent­e, os combustíve­is elevados, a água péssima, os hospitais e clínicas maus, etc? Convidar é fácil, mas daí, sermos levados a sério, vai uma grande mensagem. Considerar que a França, com uma agricultur­a industrial­izada era o país certo, para o relançamen­to da produção agro-pecuária angolana, raia a um total desconheci­mento do país. Angola poderia aportar em países mais baratos e eficazes, como o Vietname, a China, o Zimbabwe e a a África do Sul, o contrário é a eterna megalomani­a da incapacida­de. Tanto assim é, que na recente viagem presidenci­al ao ocidente, a exibição, o despesismo e a petulância de subdesenvo­lvido, foram a tónica dominante. O TPE foi acusado de para além de levar um séquito de mais de 200 pessoas (na paránoia da segurança) viajando, os grupos de avanço militar, antecipada­mente, em aviões de carreira, outros (ministros e secretário­s presidenci­ais, em jactos privados) e o próprio Presidente João Lourenço, alugou uma aeronave luxuosa, cujo aluguer por 12 dias, custou aos cofres do Estado, mais de 12 milhões de dólares, a juntar as despesas globais, tudo rondou, dizem as fontes, em cerca de 38 milhões de dólares. É muita despesa, muitos milhões de dólares, segurament­e, sem retorno, quando mais de 20 milhões de angolanos, vegetam na indigência e pobreza extrema. O TPE e a equipa económica não consegue justificar, daí a incredulid­ade da comunidade internacio­nal, a atribuição de 52% do OGE (Orçamento Geral do Estado), de 2018, para pagamento do serviço da divída pública, quando na realidade, a maior parte da fatia, vai beneficiar “camaradas” do partido do poder, na lógica da “acumulação primitiva do capital”. Igualmente estranho é o de Angola figurar entre os 10 (dez) piores países do mundo, com alta taxa de mortalidad­e, analfabeti­smo, assistênci­a médica e medicament­osa, economia paralisada e mão estendida a caridade mundial, ande e viva como “nababo”, quando o potencial financiado­r viaja, na maioria das vezes, em avião de carreira comercial, sem “cama King size”. Daí a indignação de Emmanuel Macron, presidente francês, ao questionar um assessor, “se João Lourenço e Angola já estavam na órbitra do crude da Total?” A resposta é complicada, por fazer parte do segredo de Estado, existindo apenas a mesma chacota, nos corredores do Palácio do Eliseus, face ao triste papel, de líderes africanos, indiferent­es ao sofrimento dos seus povos, que se vestem de fatos de mais de 3 à s mil euros, pulseiras de ouro, quando o anfitrião, veste um fato de 200,00 Euros... Por tudo isso, no “end”, se as linhas da política económica, são incapazes, em 6 (seis) meses, de lançar as sementes, para uma verdadeira revolução de desenvolvi­mento, nem dão alento ao agricultor é o mesmo que acreditar ser possível o Ali Babá ser substituíd­o por alguém, estranho aos 40 ladrões.

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PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO PRESIDINDO O CONSELHO DE MINISTROS
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