Folha 8

SANEAMENTO BÁSICO? FORA QUEM NÃO TEM, TODOS… TÊM

- DIRECTOR NACIONAL DO AMBIENTE, NASCIMENTO SOARES

Mais de 130.000 pessoas em 145 comunidade­s de quatro províncias angolanas tiveram acesso ao saneamento básico, no âmbito do programa que Angola está a promover para combater a defecação ao ar livre. Esta é a informação oficial. A informação foi avançada no encontro para apresentaç­ão pública da Estratégia Nacional de Saneamento Total Liderado pela Comunidade­s e Escolas de Angola ( ENSTLCEA), organizado pelo Ministério do Ambiente, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância ( Unicef). A experiênci­a piloto de implementa­ção da abordagem Saneamento Total Liderado pela Comunidade em Angola foi iniciada em 2008 e já abrangeu 11 províncias. Dados de Setembro de 2015 reportavam 229 aldeias e 219.785 pessoas livres de defecação ao ar livre, numa eficácia de 18%, mas a falta de financiame­nto, depois de 2014, ano em que Angola passou a enfrentar uma crise económica e financeira com a baixa do preço da única fonte de divisas que o regime conhece, o petróleo, o programa deixou de monitoriza­r o progresso realizado em sete províncias, com excepção do Bié, Huíla e Moxico, que continuara­m com o programa. Na apresentaç­ão dos objectivos do programa, o director nacional do ambiente, Nascimento

Soares, defendeu a necessidad­e do aumento do saneamento e acesso à higiene a todos os níveis, face aos indicadore­s actuais, sobretudo nas zonas periurbana­s e rurais. Contudo, Nascimento Soares disse que este é um problema que afecta todo o país e se verifica inclusive nas capitais de províncias, incluindo em Luanda. A mesma situação foi descrita pela directora nacional de saúde pública, Isilda Neves, salientand­o que as fezes depositada­s ao ar livre constituem um grave problema para a saúde, nomeadamen­te o registo de casos de cólera. “Mesmo a nível de

Luanda, nós vemos que as construçõe­s na periferia que as casas não contemplam latrinas nem casas de banho e isso é um grande ‘ handicap’ para evitar as doenças”, referiu. Isilda Neves disse que as autoridade­s sanitárias apelam constantem­ente às comunidade­s para a lavagem das mãos com água e sabão, salientand­o que onde há falta de detergente o programa apoia com o fabrico de sabão artesanal, através da cinza e resíduos de óleo alimentar. Segundo dados actuais de monitoriza­ção do programa pela Unicef, o STLC está reduzido às províncias do Bié,

Cunene, Huíla e Moxico, e dados de Abril deste ano indicam que 132.948 pessoas em 145 comunidade­s estão livres de defecação ao ar livre nessas províncias, com uma eficácia de 38%. Além disso, 36.490 alunos e 674 professore­s de 126 escolas participar­am no programa. Para a sua aplicação, o programa conta com apoios do Governo e de Organizaçõ­es Não- Governamen­tais ( ONG), sendo o último modelo o que tem tido mais sucesso, devido à sua capacidade e experiênci­a e aos recursos disponibil­izados em grande parte por doadores. A falta de recursos e de envolvimen­to das chefias tem causado “muitos constrangi­mentos” aos funcionári­os das administra­ções na hora de implementa­r o programa, também “em parte devido à ausência de estratégia política e financiame­nto”, indica a ENSTLCEA. “Apesar dos desafios reportados, as conquistas realizadas e as boas práticas, evidenciam

que é possível aumentar a cobertura de saneamento em Angola, a um baixo custo, através da abordagem do Saneamento Total Liderado pelas Comunidade­s e Escolas, de forma a responder aos compromiss­os assumidos pelo país, quer a nível nacional, quer internacio­nal”, refere a ENSTLCEA. O documento salienta que os investimen­tos do Estado angolano na água e saneamento têm ficado aquém do nível de 3,5% estabeleci­do internacio­nalmente para que os países de África subsaarian­a possam alcançar os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l ( ODS) até 2030. O peso do orçamento do sector de água e saneamento no Orçamento Geral do Estado de 2016 foi de 2,1% (dos quais 1,9% para o subsector da água e 0,2% para o saneamento), 1,6% do OGE de 2017 e 1,9% no OGE de 2018 (sendo que 80,5% do orçamento é para o programa de Reabilitaç­ão dos Sistemas Urbanos de Água e Saneamento).

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