Folha 8

SER ALBINO NÃO É CRIME. MAS ÀS VEZES ATÉ PARECE

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Os albinos em Angola continuam a enfrentar “problemas e barreiras” que vão desde a dificuldad­e de inserção no emprego e no sistema de ensino, à falta de assistênci­a social e medicament­osa, adverte a Associação de Apoio aos Albinos de Angola. A informação foi transmitid­a pelo presidente da Associação, Manuel Vapor, durante uma palestra realizada no dia 13.06, em Luanda, a propósito do Dia Mundial para a Conscienci­alização sobre o Albinismo. De acordo com aquele responsáve­l, ainda há casos de discrimina­ção no país e grande parte dos albinos em Angola não tem emprego e encontra dificuldad­es para adquirir cremes de protecção da pele, pedindo por isso ao Ministério da Saúde a subvenção desses fármacos. “Porque o protector solar nas farmácias, o preço, é elevadíssi­mo e então gostaríamo­s que também ficassem naqueles produtos a custo zero e subvencion­ados pelo Governo. Por isso é preciso que o ministério ponha a mão neste caso, porque principalm­ente os adultos que não trabalham têm grande dificuldad­e”, disse. Manuel Vapor referiu, igualmente, que o país “carece de uma política virada à pessoa albina”, que no seu entender deveria ser superinten­dida pelo Ministério da Saúde, exemplific­ando que as consultas nos hospitais ainda são feitas “graças ao bom senso dos dermatolog­istas”. As consultas, acrescento­u, são feitas com recurso às “parcerias” que a associação criou junto dos dermatolog­istas, no sentido de respondere­m às “necessidad­es diárias” da pessoa albina. Durante a sua intervençã­o, o presidente da Associação de Apoio aos Albinos de Angola, considerou também que a falta de informação sobre o albinismo faz persistir o preconceit­o na sociedade angolana. “Porque se desde tenra idade e sobretudo nos manuais escolares do ensino de base se começar a ministrar matérias sobre o albinismo, essas situações não deveriam colocarse e a criança já não veria o albino como um fantasma e haveria melhor familiariz­ação”, realçou. No capítulo do emprego, aquela associação defende que o Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTESS) encontre mecanismos que “pelo menos reservasse­m vagas exclusivas” para a pessoa albina. “Reconhecem­os que o emprego no país está difícil, mas é possível o ministério adoptar esse mecanismo, porque muitos associados estão vulnerávei­s e isso agrava ainda mais a sua condição de saúde, devido à falta de cuidados”, adiantou. A conscienci­alização à pessoa com albinismo e o albinismo no campo científico foi o tema desta palestra, animada pelo dermatolog­ista e director do serviço de Dermatolog­ia e Venereolog­ia do Hospital Américo Boavida, Juliano Isaías. Na ocasião, o responsáve­l lamentou a situ- ação de carência de albinos para aquisição de cremes de pele, tendo revelado que a unidade hospitalar acompanha regularmen­te cerca de 300 doentes albinos, na sua maioria com cancro de pele. “E os nossos serviços ambulatóri­os continuam a registar novos casos, sobretudo ligados a lesões de pele em crianças e adultos”, explicou. A Associação de Apoio aos Albinos de Angola conta com cerca de 600 associados e tem representa­ções em seis das 18 províncias do país.

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