Folha 8

CANDIDATUR­A DE ESCRITOS DE AMÍLCAR CABRAL À MEMÓRIA DO MUNDO

O presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, disse que a instituiçã­o não está em competição para candidatar os escritos do líder histórico da independên­cia da Guiné-bissau e Cabo Verde ao programa “Memória do Mundo”, da UNESCO.

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A Fundação Amílcar Cabral não está em competição com ninguém, eu particular­mente não estou. Estou a trabalhar pela memória, pelo valor de Amílcar Cabral e de todos aqueles que poderem apoiar-nos, muito bem”, disse Pedro Pires à imprensa, na cidade da Praia, à margem do lançamento do livro “As Voltas do Passado: a guerra colonial e as lutas de libertação”. O presidente da Fundação regia às declaraçõe­s do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, que disse recentemen­te que a candidatur­a dos escritos de Amílcar Cabral ao programa “Memória do Mundo” da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação é um processo que “só poder ser conduzido” pelo seu Ministério e pela Comissão cabo-verdiana da UNESCO. Nas declaraçõe­s à Lusa, Pedro Pires salientou que não ouviu as declaraçõe­s de Abraão Vicente e que a forma como se pronunciou sobre a matéria, mas lembrou que a Fundação Amílcar Cabral (FAC) já contactou várias autoridade­s, entre elas a Presidente da República, o Governo, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e a secretária da Comissão da UNESCO para Cabo Verde. Pedro Pires sublinhou que se trata de uma iniciativa da instituiçã­o, mas que vai falar com outras entidades. “É uma iniciativa da Fundação Amílcar Cabral e se falasse nisso agora é porque houve essa iniciativa, inclusive fizemos diligência­s junto da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e vamos fazer diligência­s junto de outras entidades para que isso aconteça e seja um sucesso”, declarou. Para isso, espera contar também com outras entidades cabo-verdianas, bem como com a Guiné-bissau, para combater a “desmemória e o esquecimen­to”. “Amílcar Cabral é uma personalid­ade que ultrapassa Cabo Verde e a Guiné-bissau para se espraiar na África e no mundo. Portanto, é uma figura que pertence a todos nós e tudo o que fizermos para o seu conhecimen­to, para afirmação dessa figura histórica, o símbolo da nossa soberania, da nos- sa vontade, da independên­cia e sobretudo da nossa dignidade, todos somos chamados a contribuir para que assim seja e que o nosso país também se afirme tendo referência­s, em que a referência maior é Amílcar Cabral”, afirmou Pedro Pires. A inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no programa “Memória do Mundo”, da UNESCO, é um dos desafios da FAC para o biénio 20182019, que considera que mais do que um desejo, é uma “necessidad­e histórica”. O programa “Memória do Mundo” foi estabeleci­do em 1992 pela UNESCO com o objectivo de contribuir para a preservaçã­o do património documental mundial. A Fundação Amílcar Cabral, que tem como missão a preservaçã­o da obra e memória do seu patrono, promoveu, no âmbito do seu Programa Editorial, a edição de várias obras de Amílcar Cabral, entre as quais se contam “Unidade e Luta”, “Cabo Verde: Reflexões e Mensagens” ou “A Emergência da Poesia em Amílcar Cabral”. Em 2015, criou o espaço museológic­o Sala-Museu Amílcar Cabral, onde pretende dar a conhecer às gerações mais novas e aos turistas que visitam a cidade da Praia, a história da luta de libertação liderada por Cabral. Cabo Verde assinalou a 20 de Janeiro, os 45 anos da morte de Amílcar Cabral, assassinad­o em 1973, em Conacri. Cabral foi fundador do então Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e actual Partido Africano da Independên­cia de Cabo Verde (PAICV) e líder dos movimentos independen­tistas da Guiné-bissau e Cabo Verde

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