Folha 8

É FARTAR VILANAGEM

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Perto de 28 milhões de pessoas da África Lusófona são desnutrida­s, sendo Angola, Moçambique e Guiné-bissau os países mais problemáti­cos. E, como se sabe, com excepção de Angola, todos os outros países referidos são ricos, muito ricos… “Não basta aprovar leis e estratégia­s. É preciso ir ao cerne do problema. É preciso produzirmo­s comida suficiente para alimentar os nossos povos”, dizia em 2012 a directora da organizaçã­o moçambican­a Mulher Género e Desenvolvi­mento (Mugede), Saquina Mucavele, falando em nome da Rede de Organizaçõ­es para a Soberania Alimentar (ROSA). Tinha e tem razão. Mas, é claro, é preciso dar tempo ao tempo e compreende­r que no caso de Angola, por exemplo, o MPLA só está no poder desde 1975, que o país só está em paz total há 16 anos. Ora, para que deixem de existir cerca de 20 milhões de pobres em Angola é preciso que o MPLA se mantenha no poder aí durante mais uns 30 anos. Saquina Mucavele disse também que a segurança alimentar e nutriciona­l depende, em larga medida, de investimen­tos na agricultur­a, particular­mente nos países pobres, onde a produção de alimentos ainda é muito baixa, apelando aos governos para alocarem mais investimen­tos para a produção de comida. Essa recomendaç­ão, como é óbvio, não tinha nem tem cabimento em Angola. As preocupaçõ­es do regime estão viradas para outras latitudes. Aliás, o Povo pode muito bem alimentar-se da mandioca que encontre nas lavras ou de farelo. Por sua vez a Coordenado­ra da Organizaçã­o Mundial da Agricultur­a e Alimentaçã­o (FAO) para o direito à Alimentaçã­o, Bárbara Ekwall, disse na mesma altura que a questão que se coloca é que a produção mundial de comida aumentou nos últimos anos mas, paradoxalm­ente, há cada vez mais pessoas padecendo de fome. Angola é um dos países lusófonos com a maior taxa de mortalidad­e infantil e materna e de gravidez na adolescênc­ia, segundo as Nações Unidas

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