PRESIDENTE EXONERA (AMIGO, COMPADRE E…) MINISTRO
MINISTRO DOS TRANSPORTES
Ochefe de Estado angolano, João Lourenço, exonerou no dia 20.06 o seu amigo e compadre Augusto Tomás do cargo de ministro dos Transportes, tendo nomeado para aquelas funções Ricardo Viegas de Abreu, até agora secretário para os Assuntos Económicos do Presidente da República. Esta é a primeira exoneração entre os ministros empossados em Setembro por João Lourenço e tem todos os ingredientes para ser ou, pelo menos parecer, a criação de um bode expiatório. Ou, pelo contrário, Augusto Tomás vai levantar voo para algo bem mais rentável do que ser ministro? A exoneração de Augusto Tomás, antigo ministro da Economia e Finanças de Angola e na tutela dos Transportes desde a presidência de José Eduardo dos Santos, surge cerca de duas semanas depois da polémica em torno da anunciada parceria público-privada para a constituição de uma companhia aérea. Já este mês, o Presidente angolano, João Lourenço, anunciou que a parceria não iria avançar, sem adiantar mais pormenores: “Não vai adiante, não vai sair, não vai acontecer, por se tratar de uma companhia fictícia”.´ Em Maio último foi anunciado, em Luanda, a constituição do consórcio público-privado para lançar a Air Connection Express, que pretendia garantir voos domésticos em Angola e que juntava, além da companhia de bandeira TAAG, a Airjet, Air26, Diexim, Mavewa, Air Guicango, Bestfly e a SJL, algumas destas com relações a membros do Governo angolano. A Air Connection Express contava, como é timbre da governação do MPLA, com a participação de algumas pessoas da total confiança, e até de familiares, de João Lourenço. Augusto Tomás era neste sector, até pela longevidade que tinha no comando ministerial, um dos quadros mais qualificados do MPLA para gerir (como auxiliar, tal como todos os ministros, do Titular do Poder Executivo) um ministério desta envergadura. Acresce que não são conhecidos, nem sequer especulados, eventuais interesses económicos ou participações societárias que Augusto Tomás possa ter nas empresas, ou nos negócios, ligados ao sector dos transportes. Era igualmente uma figura pouco simpática junto de muitos jornalistas, sendo mesmo aventada a hipótese ser uma espécie de maçã podre no cesto de João Lourenço, o que estava a impedir o Presidente de avançar como, supostamente, quer na cruzada contra a corrupção e na defesa da boa governação. A construtora canadiana Bombardier chegou mesmo a anunciar a 6 de Maio que iria fornecer, por 198 milhões de dólares (165 milhões de euros), seis aviões Q400 para a Air Connection Express, conforme contrato assinado em Luanda, na presença do ministro dos Transportes de Angola, Augusto Tomás.
João Lourenço, anunciou que a parceria não iria avançar, sem adiantar mais pormenores: “Não vai adiante, não vai sair, não vai acontecer, por se tratar de uma companhia fictícia”