Folha 8

DOENTES TÊM MEDO DE DENUNCIAR

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Entretanto, os visados consideram que o problema maior está na actuação do chefe do sector da saúde do Consulado de Angola, situado em Alcântara, que não respeita o estatuto dos doentes. Nuno Marcelo de Oliveira tem sido criticado, por exemplo, por ter decidido suspender o subsídio e dar altas administra­tivas sem consentime­nto ou conhecimen­to do médico que segue alguns dos pacientes. O certo é que os visados não falam à imprensa por recearem intimidaçã­o e represália­s, confirma Catembe. “Os doentes sentem-se intimidado­s porque o pró- prio director do sector tem mandado indivíduos fazer investigaç­ão nas pensões a perguntar “quem é que está de acordo com a Comissão”; “quem reclamar eu mando embora porque ninguém aqui está acima de mim, nem o Embaixador”. Isto são palavras dos próprios funcionári­os lá dentro do sector”, conta. Em reacção, Estêvão Alberto responde que não há nenhum doente, ainda em fase de tratamento, que tenha sido enviado para Luanda, de forma compulsiva. “Esta decisão é de inteira responsabi­lidade do médico que acompanha o doente, “em função do diagnóstic­o e do seu relatório final, endossado ao sector da saúde da Embaixada”, sublinha. “Os doentes que voltam para Luanda são aqueles em que os médicos que os acompanham determinam o fim do seu tratamento aqui em Portugal. Só em função disso é que o sector da saúde da Embaixada é chamado a pronunciar-se e criar as condições para que esse doente regresse ao país”, explica. Abordado pela DW África, o presidente da Junta Nacional de Saúde, Augusto Lourenço, que esteve em Lisboa na semana passada, negou dar mais explicaçõe­s por não ter mandato para falar à imprensa. Ele sublinhou que sua função é fazer um levantamen­to dos problemas existentes para que sejam encontrada­s “boas soluções”. Há cerca de três semanas, os pacientes, através da Comissão de Apoio aos Doentes Angolanos em Portugal (CADAP), apelaram ao Executivo a criar os mecanismos adequados que assegurem a transferên­cia, em tempo útil, dos recursos financeiro­s destinados a manter a sua assistênci­a hospitalar, alimentar e em alojamento.”

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